Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

As novas estrelas de Hollywood: os cães

Coleira de Ouro, premiação para "atores" de quatro patas, que tem sua primeira edição nesta segunda-feira, mostra como os cachorros vêm roubando a cena na indústria do cinema – e na sociedade americana

Por Carol Nogueira
13 fev 2012, 07h29

O Artista (The Artist, França, 2011) Direção: Michel Hazanavicius

Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman

Sinopse: Em 1927, George Valentin (Jean Dujardin) é dos grandes nomes do cinema mudo em Hollywood, mas sua vida se transforma radicalmente com a chegada dos filmes falados. Acreditando que esta é apenas uma moda passageira, ele se recusa a aderir à nova técnica. Ao tentar produzir seu próprio filme mudo, em pleno crash da bolsa de 1929, se endivida e cai no anonimato. Ao mesmo tempo, ele conhece a dançarina Peppy Miller (Bérénice Bejo), que está prestes a se tornar uma grande estrela do cinema, agora falado. A transição vivida pelo personagem homenageia a própria história do cinema, e de forma emocionante.

Prêmios: Três Globos de Ouro (melhor filme, melhor trilha sonora e melhor ator para Dujardin); concorre a dez categorias no Oscar

Continua após a publicidade

Um novo prêmio tem movimentado o cinema americano. Martin Scorsese já pediu a inclusão de seu novo filme, A Invenção de Hugo Cabret, na lista de indicados. O ator Antonio Banderas ficou enciumado e sugeriu que se criasse uma categoria diferente só para que Gato de Botas, animação em que pôs a voz, também entrasse no páreo. E até o renomado produtor Harvey Weinstein – chamado de “Deus” por Meryl Streep no Globo de Ouro – já deu seu aval à novidade. Mas este não é um prêmio de cinema convencional. Ao invés de atores, suas estrelas são cães. E, no lugar de troféus, são entregues coleiras douradas — pode parecer brincadeira, mas Hollywood está levando muito a sério o prêmio Coleira de Ouro, cuja primeira edição acontece nesta segunda-feira.

Tudo por causa do cãozinho Uggie, revelação do filme O Artista, que estreou na última sexta-feira no Brasil. Este Jack Russell Terrier de 10 anos de idade é apenas um coadjuvante na história do protagonista George Valentin (Jean Dujardin), mas rouba a cena no longa sem esforço. E tem feito o mesmo em todas as premiações pelas quais passou, como o Festival de Cannes, onde venceu a Palma Canina – prêmio concedido há 11 anos pela imprensa internacional em paralelo à programação oficial -, e o Globo de Ouro, onde até desfilou pelo tapete vermelho e tirou uma foto, com uma das patas sobre um troféu, que correu o mundo. Para o Oscar, ele já está ensaiando um esquete ao lado do apresentador, o ator Billy Crystal. Como se vê em muitas cenas de O Artista, Uggie imita bem gestos humanos: cobre os olhos com as mãos (no caso, as patas) quando está envergonhado e cai no chão após levar um tiro (de mentirinha, claro). No longa de Michel Hazanavicius, ele não só é o cãozinho inseparável de Valentin, uma estrela do cinema mudo, como também atua nos filmes ao lado do dono. Tem, ainda, um papel fundamental para o desfecho da história — que não figura aqui para não estragar o fim. E Uggie não está sozinho na carreira de cão coadjuvante — não se contam aqui casos como os de Lassie e Rin Tin Tin, estrelas absolutas de suas produções, e outros filmes “pipoca”. Em vários dos melhores longas de 2011, cães têm papéis de destaque (veja abaixo os que concorrem à Coleira de Ouro e relembre alguns outros cães coadjuvantes memoráveis). Para Alan Siskind, criador do prêmio e diretor da Dog News Daily, empresa contratada pelos estúdios de cinema para divulgar os cães “atores” dos filmes, o destaque dos cachorros no cinema é crescente e acompanha a mudança do cão na sociedade. “Os cães têm hoje um papel mais importante na família americana. Como a maioria das casas é formada por pais cujos filhos já foram para a faculdade, ou jovens solteiros, o animal é visto como um membro da família. É por isso que o mercado de produtos para cães aumenta a cada ano”, afirma. E deve crescer ainda mais assim que o Coleira de Ouro passar a ser transmitido pela televisão americana, o que deve acontecer já no ano que vem, segundo Siskind. Mas, por enquanto, quem quiser assistir à entrega do prêmio na segunda terá de se contentar em sintonizar o streaming ao vivo oferecido pelo site da revista The Hollywood Reporter.

Treinamento – Muita gente duvida dos truques realizados pelos cães nos filmes. O diretor Martin Scorsese, por exemplo, teve de ir ao programa de televisão de Ellen DeGeneres na última terça-feira explicar que as expressões faciais feitas pela doberman Blackie em A Invenção de Hugo Cabret (que tem onze indicações ao Oscar) não ganharam nenhuma ajudinha da computação. De acordo com Scorsese, a cachorra fez tudo sozinha e motivada por um quitute bem incomum: uma pasta de anchovas. Adestradores consultados pelo site de VEJA garantem que é possível treinar qualquer cão para ser um ator de cinema, mas há particularidades entre eles. “Cada cachorro tem o seu talento. Algumas raças são mais indicadas para certas atividades do que outras. Se precisamos de um cão feliz, que tope tudo, escolhemos o labrador ou o golden retriever. Esses cães são símbolos de sucesso da família de classe média”, explica o adestrador André Barreto. Ele mesmo é dono de uma cadela “atriz”, a border collie Bisteca, que no ano passado interpretou a cadela Bibi no filme Meu País, de André Ristum, ao lado de Rodrigo Santoro. O trabalho com cães “atores” pode ser um negócio lucrativo, conforme conta outro adestrador, Glauco Lima. “Para o cão fazer apenas figuração, só ficar quietinho no set de filmagens, cobramos pelo menos 2.000 reais. Algumas coisas variam, como o tipo e o tempo de treinamento – que pode levar de três dias a três meses – e a quantidade de cães. Geralmente, são treinados dois ou três. E, dependendo da quantidade de dublês que eu tiver de levar, além do tipo de treinamento a que devo submetê-los, o valor pode chegar a 50.000”, conta Glauco, que chefia uma equipe de outros sete profissionais. “Não é um trabalho muito fácil. Há coisas que você só aprende com o tempo, como algumas lições de enquadramento. Aprendi, por exemplo, que o coração de um filme é o fotógrafo e o diretor. Então, tento ficar perto deles para descobrir qual é o limite da minha aproximação com o cão no set”, afirma Glauco. André diz que as técnicas de plano e contra-plano, em que a câmera filma primeiro o ator e depois o cão, são muito usadas, e que o animal tem grande facilidade de adaptação. Um dos mais adaptáveis é justamente o Jack Russell Terrier, mesma raça dos favoritos Uggie e Cosmo (o último interpreta o cão Arthur no filme Toda Forma de Amor). “Além de simpáticos, são inteligentes e cheios de energia. Como se parecem muito com os vira-latas, as pessoas acabam se identificando”, diz André. E ainda resta alguma dúvida de qual cão vai levar o prêmio?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.