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Ariano Suassuna, o defensor erudito da cultura popular

Escritor morreu nesta quarta-feira aos 87 anos

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jul 2014, 19h44

Ariano Suassuna, morto nesta quarta-feira, aos 87 anos, após sofrer uma parada cardíaca provocada por hipertensão intracraniana, será lembrado como um defensor ferrenho da valorização da cultura brasileira. É a opinião de especialistas na obra do escritor e dramaturgo paraibano ouvidos pelo site de VEJA. “Suassuna era um defensor intransigente – pode-se dizer ‘quixotesco’, até – daquilo que ele considerava como sendo a essência de uma cultura genuinamente brasileira”, afirma o professor de literatura brasileira da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Expedito Ferraz Jr.

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“Toda a sua militância cultural consistiu numa batalha incansável contra a descaracterização dessas raízes populares e regionais. Ariano Suassuna representava a imagem do intelectual coerente e apaixonado pelas tradições do seu povo”, completa Ferraz. O professor e pesquisador de comunicação social da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Luís Adriano Mendes Costa, acrescenta: “Coube a Ariano na década de 1970 o papel de reunir artistas e criar um projeto artístico que falava do Brasil.”

Mendes Costa faz referência ao Movimento Armorial, fundado por Suassuna em Recife. O escritor, preocupado em desenvolver e valorizar a cultura brasileira, procurou apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPe), onde lecionou por 38 anos, e convidou músicos e escritores locais para participar do lançamento do projeto. Em 18 de outubro de 1970, a Igreja de São Pedro dos Clérigos, na capital de Pernambuco, recebeu um concerto e uma exposição do grupo.

O erudito popular – De acordo com o professor Expedito Ferraz Jr, Suassuna era um erudito defensor do popular. “Ariano realizou com maestria a fusão das tradições culturais do Nordeste, presentes em seus temas, cenários e personagens, com a longa tradição do teatro popular que remontaria a formas medievais, como o auto e a farsa”, afirma ele. Para construir seus textos, Suassuna também se valia do humor, mas sem deixar a crítica social de lado. “Ele desvelava os costumes da sociedade, criando ou recriando tipos que ficarão para sempre na memória de seus leitores”, termina.

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“Ele foi um grande mestre”, lembra a professora de artes cênicas da Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Carminda Mendes André. “E mestre de vida também: suas aulas e discursos traziam muitas referências de grandes nomes da filosofia e da literatura, como William Shakespeare e Immanuel Kant, mas tinham relação direta conosco, falavam da nossa vida.”

Morte – O escritor morreu nesta quarta-feira, aos 87 anos, no Recife. Ele estava internado desde segunda-feira no Real Hospital Português, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico. Seu quadro clínico se agravou no dia seguinte, com queda da pressão arterial e aumento da pressão intracraniana, que acabou provocando uma parada cardíaca, segundo nota do hospital.

O velório acontece nesta quarta-feira em Recife no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do Estado de Pernambuco. Das 22 às 23 horas, o velório será fechado somente para a família. A partir das 23 horas, será aberto ao público. O sepultamento acontece nesta quinta-feira às 16 horas no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, cidade da Grande Recife.

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