Ancine anuncia pacote de R$ 20 mi para cinema autoral
Projetos serão totalmente financiados pelo edital, que contemplará produções com relevância artística e cultural
O chamado cinema de autor, ou cinema de invenção, tinha perdido seu espaço no Brasil – talvez desde o Cinema Novo e o Cinema Marginal. Mas nesta quarta, ele receberá uma notícia no mínimo animadora: 17 projetos de filmes de quatro regiões do país foram escolhidos para dividir 20 milhões de reais do Fundo Setorial do Audiovisual.
Os filmes escolhidos, selecionados entre mais de duzentos inscritos, têm a missão de se infiltrar no competitivo mercado comercial brasileiro, dominado por produções de comédia. O edital, denominado Prodecine 5, financia 100% da produção. Ao todo, serão anunciados 162 milhões de reais em investimentos em cinema, parte do pacote Brasil de Todas as Telas – que também vai abrir uma linha de investimentos de 60 milhões de reais em cinco editais para produção de emissoras públicas de televisão.
Segundo Manoel Rangel, diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o critério-chave para o edital autoral no cinema é a excelência artística. “O Fundo Setorial do Audiovisual tem investido em todo tipo de filme. Tivemos muitos longas de maior comunicação com o público. Mas também tivemos produções de grande força artística, como O Som ao Redor e Hoje Quero Voltar Sozinho. Porém faltava dar visibilidade à produção de filmes de relevância marcadamente artística e cultural”, considerou.
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A seleção do novo edital contempla distintas gerações, desde decanos do cinema de invenção, como Julio Bressane, de 68 anos, e Edgard Navarro, 65, ao veterano Murilo Salles, 64, chegando a alguns dos principais cineastas jovens de destaque internacional nos últimos anos, como Julia Murat, 35 anos, e Fellipe Barbosa, 36.
A seleção foi realizada por uma comissão mista formada por dois representantes da Ancine, o assessor internacional Eduardo Valente e o especialista em regulação Luciano Trigo, além de cinco independentes – a roteirista e diretora Ana Luiza Azevedo; o cineasta Cao Guimarães; o crítico Cléber Eduardo; o professor e curador Richard Peña; o roteirista e cineasta Karim Aïnouz; e o cineasta (e ex-secretário do Audiovisual do MinC), Orlando Senna.
Entre os contemplados, há projetos de produtoras de oito Estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná). Os filmes premiados deverão estar prontos entre um ano e um ano e meio.
(Com Estado Conteúdo)