‘A Grande Vitória’ explora cinema de autoajuda esportivo
Primeiro filme nacional sobre judô marca a estreia de Caio Castro na telona e de Sabrina Sato em papel dramático
O judoca Max Trombini sempre sonhou com uma medalha olímpica. O pódio na maior competição do mundo era seu sinônimo para sucesso, e o transformaria, de menino pobre e sem pai de Ubatuba, litoral de São Paulo, em um grande vencedor. Após anos de dedicação ao esporte, Trombini descobre que o sol é para poucos. Ele não consegue a medalha, mas encontra outro tipo de vitória na esquina do fracasso. Hoje, Trombini é considerado um dos mais importantes treinadores da arte marcial do país e atua na equipe técnica da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
A história real foi escrita pelo esportista na autobiografia Aprendiz de Samurai (Editora Évora) e adaptada pelo diretor estreante Stefano Capuzzi Lapietra no filme A Grande Vitória, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 8, com Caio Castro no papel do judoca.
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A fórmula que combina esporte com histórias inspiradoras e de superação, que culmina em uma moral da história com viés de autoajuda, já é uma velha conhecida do cinema americano. Desde o clássico protagonizado pelo boxeador Rocky Balboa em Rocky – Um Lutador (1976) passando pelo jovem Daniel Larusso, que aprende a se proteger dos valentões com o senhor Miyagi em Karatê Kid – A Hora da Verdade (1984), até os incontáveis filmes sobre futebol americano, como Duelo de Titãs (2000); Desafiando Gigantes (2006); e Um Sonho Possível (2009), que deu o Oscar a Sandra Bullock.
A lista é longa e os resultados, rápidos. As produções costumam render boas bilheterias e alguns até conseguem conquistar prêmios em importantes cerimônias do cinema. No Brasil, o efeito ainda é imprevisível, já que a temática é pouco explorada por aqui, especialmente quando o esporte central não é o querido futebol.
A Grande Vitória, aliás, é um palco de lançamentos. Além de ser a estreia do diretor Lapietra e do judô brasileiro em um filme de amplo alcance no cinema, também é o primeiro longa-metragem do ator Caio Castro e a primeira tentativa de Sabrina Sato em um roteiro de drama.
Apesar do elenco que inicialmente assusta pela falta de apelo fora da televisão, Castro fez o dever de casa (até morou por dois meses na casa do verdadeiro judoca) e exerce com certa competência o papel. Contudo, as melhores atuações ficam a cargo de Suzana Pires e Moacyr Franco, como a mãe e o avô de Max, respectivamente. Pena que aparecem pouco ao longo da trama. Já Sabrina deveria continuar na comédia… para sempre.
Ao todo, o longa cumpre sua missão de embarcar o cinema nacional no gênero esportivo motivacional. Fãs do estilo autoajuda e de artes marciais não ficarão desapontados. Contudo, a produção está longe, bem longe, de ser um grande filme. Entre seus principais erros está a exagerada trilha sonora instrumental, conduzida pelo maestro João Carlos Martins, que chega a irritar pela demasia de uso em momentos desnecessários. Outro abuso são as frases inspiracionais que prejudicaram o roteiro. O diretor Lapietra mostra que até tem potencial, porém tropeçou em clichês que empobreceram a história.