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A experiência sensorial no filme ‘Em Busca do Sentido da Vida’

O diretor italiano Marco Ferrari fala de seu novo filme em que ator e personagem passam uma semana sem ouvir, uma sem falar e uma sem enxergar

Por Flávia Ribeiro
29 set 2014, 07h48

O diretor italiano Marco Ferrari escolheu um projeto ousado para sua estreia em longas-metragens. Em Busca do Sentido da Vida (Simple being) é um filme-experiência. Ou, como ele o chama, “um filme de realidade expandida”. Nele, o personagem principal, Clive, insatisfeito com a forma como está vivendo e reagindo aos acontecimentos, decide passar uma semana inteira sem ouvir, uma sem falar e a terceira sem enxergar. O detalhe é que o ator, Sol Mason, também teve que se despojar dos três sentidos, igualzinho ao personagem, e a equipe de filmagem teve que lidar com isso. No fim, Ferrari espera que cada espectador saia do cinema com sua própria visão sobre o que aconteceu na tela. “É um filme aberto. Há espaço para todo mundo chegar à sua própria conclusão. E para testar a experiência em casa. Eu encontrei 24 razões para fazer esse experimento e tenho certeza de que há mais. Uma delas é que a experiência faz você se sentir mais forte e mais fraco ao mesmo tempo”, diz o diretor.

Por que você decidiu apostar num filme com uma proposta tão diferente em sua estreia como diretor de longas?

A ideia era tentar uma forma diferente de fazer cinema, um misto de ficção e realidade. Uma realidade expandida, como eu chamo. Não só o ator teve que viver a experiência, mas, em grau diferente, toda a equipe também fez parte dela. Por exemplo, na semana em que ele estava sem ouvir, eu tive que explicar o que ele deveria fazer com as minhas mãos. Quando estava sem enxergar, todos tínhamos que ajudá-lo a se locomover. Esse filme tem um valor muito pessoal e muito político para mim. Ele fala sobre a nossa sociedade, esse é o lado político. A parte pessoal é que não estava feliz com a forma como estava vivendo quando escrevi o roteiro.

Foi difícil para o ator?

Foi difícil para todos. Ele teve que se expor, mas um ator está mais acostumado a se expor. A equipe, que não está tão acostumada, também teve. Não é um jogo. Você entra num nível diferente. Num filme, normalmente o personagem principal passa por um arco, com início, meio e fim. Dessa vez, a equipe de filmagem foi incluída no arco, que foi um pouco diferente. Na primeira semana, que foi a semana em que ele estava surdo, estavam todos empolgados, rindo e se divertindo. Na segunda, quando ele estava mudo, o pessoal está mal humorado, irritado com as dificuldades. Na terceira, quando ele estava cego, tudo mudou novamente. No primeiro dia, eu o guiei pelo set. Nos dias posteriores, todos o guiavam, todos se preocupavam em ajudá-lo. Foi um arco de alegria, frustração e, por fim, reconciliação com a ideia do filme.

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Você realizou a experiência, testou sua ideia com você mesmo?

Testei enquanto escrevia o roteiro. Mas de forma menos extrema. Algumas horas do dia, em vez de uma semana. Não tentei mais tempo porque queria algo não descoberto por mim durante as filmagens.

Como foi a escolha do ator?

Eu não o conhecia. Mas na entrevista e no teste para o papel… Alguma coisa nos olhos dele era muito expressiva. E ele fazia perguntas para mim, levantava questões. Era como se um estivesse entrevistando o outro ao mesmo tempo. Estou certo de que foi uma experiência que mudou a vida dele de alguma forma. Minha primeira proposta foi de um mês para cada sentido, três meses no total. Senti que todos hesitaram, inclusive ele. Ficamos em uma semana para cada.

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O que você espera do público?

É um filme aberto. Há espaço para todo mundo chegar à sua própria conclusão. E para testar a experiência em casa. Eu encontrei 24 razões para fazer esse experimento e tenho certeza de que há mais. Uma delas é que ele te faz se sentir mais forte e mais fraco ao mesmo tempo. Não crio expectativas, um filme é como uma aventura. É como fazer trilha: você anda sem parar, sob condições adversas, carregando um mochilão. Depois de um tempo, a impressão que a gente tem é de que o mochilão é que está nos levando. No cinema é assim. Nós levamos o filme adiante e depois de pronto é o filme que nos leva.

Você pretende fazer outros filmes nessa linha?

Sim. Estou com uns projetos mais tradicionais. Mas quero explorar mais a ideia de realidade expandida.

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No Rio: Em Busca do Sentido da Vida tem sessões no dia 29/9, às 15h, no Cinépolis Lagoon 6; e no dia 8/10, às 15h10 e às 21h30, no Estação Ipanema 1.

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