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A capital carioca da moda fica em São Cristóvão, bem longe do circuito fashion

Bairro tradicional da zona Norte, onde viveu a família imperial brasileira, reúne mais de 300 empresas, de grifes famosas a pequenas confecções

Por Aline Erthal
10 jan 2011, 14h32

Nem Ipanema nem Leblon: o bairro da moda, no Rio, é São Cristóvão. Localizado na zona Norte da cidade, o lugar reúne cerca de 300 empresas que produzem 8,5 milhões de peças de roupa e acessórios por ano e tem volume de vendas de R$ 750 milhões. Boa parte do que se verá nos desfiles de Fashion Rio, Rio-à-Porter e Fashion Business sai dali ou tem uma de suas etapas de produção localizada no bairro. Maria Bonita e Maria Bonita Extra, Osklen, Cavendish, Farm, Espaço Fashion, Leeloo, Ecletic, Enjoy, Sacada, Oh Boy, XSite, Armadillo – todas têm fábrica em São Cristóvão. Mas não é só de grandes marcas que vive o bairro. Proliferam por lá empresas de todos os tamanhos, cobrindo quase toda a cadeia produtiva da moda.

Carla Cavendish, da grife que leva seu nome: uma das marcas famosas que se instalaram em São Cristóvão
Carla Cavendish, da grife que leva seu nome: uma das marcas famosas que se instalaram em São Cristóvão (VEJA)

A Modelando Ideias, fábrica de acessórios e objetos como botões, fivelas, ponteiras e chaveiros, mudou-se do Rio Comprido, também na zona Norte, para o bairro há três anos. Desde então, ocupa um galpão de 600 m² e cresceu 60% em faturamento. O número de clientes dobrou, e a empresa ganhou agilidade tanto na prospecção quanto na entrega dos produtos. “Antes, tínhamos o pedido, mas não contávamos com espaço para produzir e atender”, lembra Leonardo Pithon, que comanda o negócio ao lado do irmão, Ricardo. “Todo mundo quer estar aqui. A localização favorece, pois é perto de tudo; os imóveis são mais espaçosos do que os encontrados em outros pontos da cidade; e a proximidade com outras empresas facilita as transações”, resume.

A empresa é tipicamente familiar. O pai, Djalma, é aposentado, mas vive na fábrica colocando e tirando do forno as massas flexíveis e coloridas que são a matéria-prima da produção. A mãe, Maria Helena, e a irmã Elisabete participam da criação e confecção das peças. E até os filhos pequenos de Leonardo, Ricardo e Elisabete estão sempre por ali por ali – a ponto de uma das salas da fábrica ter se transformado em minicreche, com colchões e brinquedos por todo lado. Na carteira de clientes, figuram marcas como Richards, Cantão, Riggy, XSite e Joana João. A produção chega a 250 mil peças em um mês. O negócio deu tão certo que os irmãos decidiram ampliar a área de atuação: nesta edição do Rio-à-Porter, a empresa vai lançar uma coleção própria de roupas.

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A Modelando Ideias faz parte do Pólo de Moda Carioca de São Cristóvão. De acordo com Celso Leonardo, coordenador do pólo, o bairro é responsável por 35% da produção fluminense do setor. O grupo reúne 65 empresas – em 2008, ano em que foi criado, tinha apenas 15. Em 2009, as firmas associadas empregavam 3,4 mil pessoas – número que passou para 7,5 mil no ano seguinte. A expectativa é que a oferta de empregos cresça ainda mais: 30% este ano. “Todas as empresas estão contratando. Porque estão se expandindo ou porque tinham uma demanda reprimida, que agora têm condições de atender”, diz Celso Leonardo. Em seu estande no Rio-à-Porter, o pólo espera vender de 15% a 20% mais do que na última edição.

Malba Paiva e Alexandre Aquino, da Maria Bonita: de Botafogo para um galpão de 5.500 metros quadrados em São Cristóvão
Malba Paiva e Alexandre Aquino, da Maria Bonita: de Botafogo para um galpão de 5.500 metros quadrados em São Cristóvão (VEJA)

A vocação do bairro imperial – que reúne museus, Jardim Zoológico e a Quinta da Boa Vista – para a moda torna o espaço cada vez mais concorrido. Pioneira na escolha – chegou a São Cristóvão há 25 anos -, Carla Cavendish lembra que a localização central do bairro, na época, foi determinante. “Acompanhamos o crescimento do local e o desenvolvimento do pólo de moda. Com o tempo, estar em São Cristóvão tornou-se ainda mais conveniente, com fornecedores variados por perto, facilitando o diálogo e os negócios. A moda toda está aqui”, diz.

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.Alexandre Aquino, sócio da Maria Bonita Extra, conta que o grupo Maria Bonita se mudou do Largo dos Leões para São Cristóvão em 2006. Já naquela época, a tarefa de encontrar o galpão de 5.500 metros quadrados foi árdua – levou um ano de buscas incessantes. “E isso porque viemos antes dos outros. Hoje, encontrar algo parecido é quase impossível”.

Grandes ou pequenos, empresários ainda têm reclamações a fazer. Falta de segurança, iluminação precária e má condição de ruas e prédios são as maiores. “Aqui tem tudo, menos glamour. Uma pena, porque o bairro é bonito, cultural. Mas, do jeito que está, quem vai querer circular por essas ruas?”, questiona Mario Zaine, microempresário.

A preocupação aumenta na mesma medida em que as empresas começam a abrir lojas de fábrica varejistas: onde antes só existia confecção, passa a haver a venda dos produtos a preços muito mais convidativos do que nas lojas, atraindo mais consumidores para o bairro. “Este novo fator, aliado à veia cultural de São Cristóvão, nos motiva a pensar em uma conexão entre moda e turismo. Para este ano, queremos atrair bares e restaurantes, formando um pólo gastronômico na região. E vamos repetir o Circuito da Moda Carioca, evento de desfiles que lançamos no ano passado e fez muito sucesso”, planeja Celso Leonardo.

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