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Uma sala de aula em cada canto do mundo

A escola itinerante Think Global School combina formação acadêmica e experiências globalizadas. Para isso, visitará 12 países nos próximos 4 anos

Por Nathalia Goulart
1 abr 2011, 23h16

Diz um provérbio chinês atribuído ao filósofo Confúcio: “Quando escuto, esqueço. Quando vejo, lembro. Quando experimento, entendo”. Inspirado por esse ditado, um grupo de 15 adolescentes iniciou em setembro passado uma extraordinária jornada: nos próximos quatro anos eles viajarão ao redor do mundo para cursar, em 12 países diferentes, as quatro séries do ensino médio. Esses jovens privilegiados formam a primeira turma de uma proposta inovadora de “educação globalizada” adotada pela Think Global School, uma escola criada nos Estados Unidos que oferece aos seus alunos a oportunidade de estudar cada trimestre acadêmico do ensino médio em uma cidade do mundo. Ao longo da viagem, eles estudarão biologia marinha nos mares da Austrália, analisarão as consequências da II Guerra Mundial na Alemanha e observarão de perto o vertiginoso crescimento econômico chinês.

A idealizadora da escola é Joann McPike, uma neozelandesa que já visitou quase uma centena de países. Habituada à diversidade, Joann se viu diante de um dilema ao buscar uma escola para o filho, Alexander, hoje com 14 anos e um dos 15 alunos da primeira turma da Think Global School. “Nenhuma escola era capaz de abarcar as peculiaridades do mundo em que meu filho vive”, conta a fotógrafa de sua casa, nas Bahamas. A saída foi projetar uma espécie de roadschooling – ou educação itinerante. “Mas seria tedioso para ele estar sozinho o tempo inteiro. Então por que não levar uma escola inteira conosco?”

Info-Think Global School
Info-Think Global School (VEJA)

Em setembro de 2010, a primeira turma da nona série (que corresponde ao primeiro ano do ensino médio no Brasil) embarcava rumo a Suécia, destino inaugural dessa turma. A rotina em cada uma das cidades envolve aulas teóricas, que acontecem todos os dias. O currículo é dividido em matérias regulares, como história, geografia e matemática. O estudo é complementado com visitas a museus, aulas de mergulho, viagens e encontros com estudiosos e personalidades locais. Todas as aulas são ministradas em inglês, por isso, a fluência no idioma é fundamental.

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Para embarcar nessa, paga-se muito – o custo anual é de cerca de 125 000 dólares, ou 200 000 reais pelo câmbio atual. “Mas a experiência vale a pena”, garante Joann. Não há porque duvidar, afirmam os especialistas. A possibilidade de ver de perto o que se está estudando enriquece a experiência do aprendizado e torna a escola mais atraente. Pedro Noguera, especialista em educação da New York University, resume a proposta: “A iniciativa é extraordinária. É um projeto novo e único, ainda levaremos tempo para avaliar seus desdobramentos. Mas, sem dúvida, é apaixonante”.

Apaixonante e promissor. Durante o curso, os estudantes aprendem mandarim, a língua da segunda maior economia do planeta. Com as aulas de espanhol, esses jovens encerram o ensino médio com conhecimentos avançados nos três idioma mais populares do mundo. Aos 17 anos, estarão prontos para transitar na economia do futuro. “Mais do que isso, eles serão capazes de se mover em um mundo globalizado, de provocar transformações”, aposta Brad Ovenell-Carter, diretor da escola. Ovenell-Carter e outros cinco professores acompanham a aventura dos estudantes.

Seleção Rigorosa – Fazer parte da turma itinerante da Think Global School não é tarefa fácil. O processo de seleção é semelhante ao das melhores universidades do mundo. Para garantir uma vaga é preciso mostrar maturidade, independência, desenvoltura e empenho acadêmico. Afinal, não se trata apenas de viajar. Acima de tudo, o candidato deve demonstrar consciência da importância das experiências globais e precisa estar pronto para elas. Para montar a primeira turma, foram avaliadas mais 350 candidaturas – nenhuma de estudantes brasileiros.

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Compor um grupo diversificado é uma das preocupações dos selecionadores. Nessa experiência globalizada, é fundamental que os alunos aprendam também uns com os outros é fundamental. Por isso, a primeira turma conta com adolescentes de países tão diferentes quanto Suécia e Gana. A segunda turma, que começa o ano letivo em setembro deste ano, ainda está em formação e Joann avisa: “Estamos à procura de um latino-americano. Quem sabe um brasileiro?”.

Assim que é aceito, cada estudante recebe um MacBook, um iPhone e um iPad. A tecnologia é uma aliada dessa nova proposta pedagógica. “Esses aparatos são as ferramentas do século XXI e dominá-las significa também entender melhor o mundo”, afirma Ovenell-Carter. “Além disso, é ali que armazenamos nossa biblioteca e a transportamos para todos os lugares.” A tecnologia também é ferramenta essencial na hora de compartilhar as experiências. Os alunos mantêm um blog onde postam textos sobre as aventuras, exibem vídeos e publicam fotos.

Para os estudantes é um desafio viver uma experiência tão intensa ainda muito jovens. Ao fim das duas primeiras etapas, Alexander McPike está de malas prontas para Pequim, onde chega na próxima semana para o terceiro e último trimestre da nona série. “A opção que fizemos é desafiadora. Mas em que outra escola eu conseguiria aprender escalando montanhas ou mergulhando?”, questiona. Se ele vê algum aspecto negativo nessa experiência? “O lado ruim é que não podemos nos envolver muito com os esportes de equipe, nem participar de campeonatos, mas acho que é só isso.”

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