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‘Sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho’

Aos 22 anos, Thiago Feijão quer revolucionar a educação brasileira. Sua inspiração vem do professor Salman Khan, o americano fenômeno da web

Por Nathalia Goulart
26 fev 2012, 16h03

Em 2011, Thiago Feijão, então com 21 anos, tinha poupado a quantia exata para viajar como mochileiro pela Europa. A viagem, contudo, não aconteceu. Estudante de engenharia mecânica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das universidades mais prestigiadas do país, ele usou o dinheiro da viagem para fundar o Quadrado Mágico, hoje conhecido apenas como QMágico – uma plataforma on-line que oferece vídeo-aulas e exercícios a estudantes e também orientação para pais e professores.

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O interesse pela educação não foi repentino. Quando cursava a sexta série do ensino básico em um colégio particular de Fortaleza, no Ceará, Feijão (é assim que ele é conhecido) foi convidado a participar da pesquisa de pós-graduação de um de seus professores. O tema: cidadania. Aos 13 anos, o estudante travou contato com as mazelas do país, em especial a tragédia da educação pública, que tem muitos professores que não sabem ensinar e ainda mais alunos que não conseguem aprender. A oportunidade de fazer algo sobre o assunto apareceu quando Feijão ingressou no ITA, localizado na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Ali, ele se envolveu com o CASD, curso pré-vestibular voltado a jovens pobre e mantido pelos estudantes do ITA. Em menos de dois anos, Feijão estava na presidência da ONG. “Senti pela primeira vez que podia mudar o mundo”, conta.

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Feijão só trocaria o trabalho para se dedicar a dois projetos próprios. O primeiro, batizado Instituto Semear, recolhe doações destinadas a custear o estudo de universitários. “Muita gente boa até consegue chegar à faculdade, mas por falta de recursos abandona tudo”, diz. O segundo projeto, chamado CASDinho, é voltada a estudantes do ensino fundamental e prepara talentos para olímpiadas de matemática e ciências. Feijão poderia dar-se por satisfeito: aos 20 anos, já havia conseguido transformar a vida de ao menos 1.000 jovens. Mas não foi o que aconteceu. “Havia mais de 3.000 inscritos para pouco mais de 100 vagas disponíveis nas minhas ONGs. Percebi que precisava fazer mais, para exercer impacto sobre a vida de mais gente.”

Para ganhar escala, Feijão optou pela internet. Lançou-se a uma pesquisa sobre o que havia de mais inovador no campo da tecnologia para educação e se deparou com o professor americano Salman Khan, um mago da web, que colocou na rede mais de 2.700 vídeos e exercícios gratuitos sobre diversas áreas do conhecimento. Kahn desvenda, com uma linguagem simples, temas áridos para a maioria dos estudantes. Por isso, atraiu mais de 4 milhões de alunos virtuais, entre eles os filhos de Bill Gates, fundador da Microsoft.

Nesse momento, Feijão abriu mão da viagem à Europa e também de um estágio. Convenceu um amigo a fazer o mesmo e assim nasceu o QMágico. O passou seguinte foi buscar uma espécie de aconselhamento empresarial para tocar o negócio, obtido com ajuda da Fundação Estudar – que, neste ano, em parceria com VEJA, promove o Prêmio Jovens Inspiradores, que vai selecionar estudantes ou recém-formados com espírito de liderança e compromisso permanente com a busca da excelência: os vencedores ganharão iPads, bolsas de estudo no exterior e um ano de orientação profissional com nomes de destaque do meio empresarial e político (mentoring).

O QMágico oferece vídeo-aulas, como aquelas de Khan, mas não só. Permite acompanhar o desempenho de cada estudante, fazendo com que professores e alunos identifiquem pontos fracos e fortes e assim planejem exercícios de reforço. A palavra de ordem é personalização. “Na escola, o professor fala e o aluno escuta. Mas nem todos aprendem no mesmo ritmo. Cada um precisa atacar suas dificuldades de maneira diferenciada.” Além da escola, os pais também podem acompanhar o progresso das crianças. “A família é parte importante no processo educacional: não pode ficar de fora”, diz Feijão.

O projeto já corre a todo vapor na produção de mais de 500 vídeos, que aos poucos são disponibilizados. Todas as aulas são apresentadas por estudantes universitários. O objetivo é promover uma abordagem nova, mais próxima aos alunos. No primeiro semestre deste ano, cerca de 6.000 crianças de 30 escolas públicas terão acesso ao material. Até 2017, a ideia é envolver 500.000 estudantes. “Quero melhorar a educação do meu país: para isso, é fundamental chegar a essas escolas.” Instituições privadas também já estão no radar da empresa. A meta é ambiciosa, e Feijão sabe disso. “Mas não fujo do desafio. Certa vez, ouvi uma frase que me norteia: sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho. Então, por que sonhar pequeno?”

O Prêmio Jovens Inspiradores vai revelar os talentos que serão líderes no Brasil – pessoas que, acima de tudo, querem mudar o mundo onde vivem e fazer a diferença. Inscreva-se!

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