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Pouco mais de metade dos brasileiros não reconhece melhorias na educação pública, mostra pesquisa Ipea

Para especialista, avanços são pequenos para convencer a população

Por Nathalia Goulart
28 fev 2011, 10h40

A despeito de avanços registrados nos últimos anos, pouco mais de metade da população brasileira não reconhece melhorias na educação pública nacional. Esse é a principal revelação de pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que ouviu 2.773 pessoas em todo o país entre os dias 3 e 19 de novembro de 2010. De acordo com os dados apresentados, 24,2% dos entrevistados acreditam que o sistema público de ensino piorou, enquanto outros 27,2% acham que continua igual – o que equivale dizer que não houve aprimoramentos. Para 48,7%, houve melhorias.

A percepção majoritária de que não houve avanços contrasta com medições apresentada por vários indicadores importantes divulgados recentemente. Em uma escala de 0 a 10, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC), por exemplo, mostra que, entre 2007 e 2009, o desempenho dos alunos do período inicial do ensino fundamental passou de 4,2 para 4,6; nos anos finais do fundamental, subiu de 3,8 para 4 e, no ensino médio, 3,5 para 3,6. Já no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a avaliação da educação no país entre 2000 e 2009 saltou de 368 para 401 pontos. A ascensão só foi superior no Chile e Luxemburgo. Ainda assim, o país segue mal colocado, na 53ª posição da lista, atrás de nações como Colômbia e Trinidad e Tobago. É importante frisar que o Pisa considera o resultados de escolas públicas e privadas – cujo desempenho, em geral, é superior no Brasil. Confira os números da avaliação Pisa.

Para o especialista em educação e colunista de VEJA Claudio de Moura e Castro, a maior parte da população não reconhece a melhoria do sistema porque ela ainda é insuficiente. “As melhorias ainda são pequenas, apesar de importantes para o país. Leva tempo para que os índices se traduzam em uma melhor avaliação por parte da população. Estamos falando na qualidade da aula, no nível do conhecimento transmitido. Isso está aquém da percepção”, diz Moura e Castro. “É como um estado febril, que vai cedendo lentamente. O paciente demora a perceber a melhora”, compara. Continue a ler a reportagem.

Confira a seguir os dados da pesquisa Ipea e da avaliação Pisa:

Renda, escolaridade e geografia – Quando a apresentação da pesquisa leva em conta a condição financeira e a escolaridade dos entrevistados revelam-se diferenças de avaliação. A parcela das pessoas que acham que a educação pública piorou passa de 19,3%, entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, para 34,2%, entre os que ganham entre dez e vinte mínimos. A variação se repete quando os dados são apresentados segundo o grau de escolaridade. Enquanto 24,3% das pessoas que possuem até a quarta série do ensino fundamental julgam que o sistema público piorou, a taxa sobe para 35,4%, entre aqueles que possuem curso superior completo e pós-graduação.

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Para Moura e Castro, a variação reflete uma avaliação mais crítica por parte de uma parcela da população. “As pessoas com maior nível escolar e mais renda, em geral, têm mais acesso à informação e ao conhecimento. Elas são mais críticas e percebem que a educação está ruim”, diz.

Diferenças de avaliação aparecem também quando adota-se a segmentação geográfica das respostas. Para 36,1% dos entrevistados da região Sudeste, a educação pública piorou no país, ante a 18,8% das pessoas ouvidas no Centro-oeste, 14,7% no Nordeste e 19% no Norte (19%). Para Mozart Neves Ramos, conselheiro da ONG Todos Pela Educação, a diferença se deve a avanços regionais registrados no últimos anos.

Entre 2005 e 2009, as maiores evoluções do ensino público fundamental medidas pelo Ideb foram registradas justamente nas áreas mais mal avaliadas do país. O avanço foi de 26% no Centro-oeste, 37% no Nordeste e 22% no Norte. Já no Sul, a evolução foi de 15% e, no Sudeste, 19%. “É uma questão lógica: quanto mais alto o desempenho de uma região, mais difícil conquistar aprimoramentos. O contrário também é verdadeiro. Isso influencia a percepção da população”, diz Mozart Neves Ramos.

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