Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Nem todos os 2.800 prejudicados pela prova amarela poderão refazer o Enem

Apesar de ter direito a uma nova prova, Luís Mário Resende Júnior tem vestibular marcado no mesmo dia

Por Paula Reverbel
11 dez 2010, 10h04

Depois de uma série de imprevistos e complicações que atrapalharam a aplicação das provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), no dia 6 de novembro, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) marcou outro exame para os alunos que foram prejudicados com os erros de impressão da prova amarela. Porém, para desespero do estudante Luís Mário Resende Júnior, de 18 anos, a nova avaliação, marcada para o dia 15, acontecerá na mesma data em que pretende prestar o vestibular da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

“O vestibular da UFPI termina uma hora depois do início do Enem”, lamenta Resende. “Será impossível prestar ambos os exames.” Sustentado pela família, o estudante natural de Piripiri, no Piauí, se mudou sozinho para a capital Teresina, aos 15 anos, para cursar o ensino médio. Deseja ingressar no curso de Bacharelado em Farmácia, cujo número de candidatos por vaga é de 17 pessoas. No entanto, durante a avaliação do Enem, o jovem se deparou com um grande obstáculo: um exemplar da prova amarela estava repleto de erros de impressão.

Enquanto fazia o teste, o estudante se deu conta de que algumas questões estavam faltando e outras estavam repetidas. Logo, surgia um burburinho na sala. Os demais candidatos começavam a comunicar aos fiscais o problema da avaliação. Duas horas se passaram até que chegou do Inep a informação de que as provas com defeito seriam trocadas. “Durante esse período, ouvi muito barulho de conversa com fiscais sobre os imprevistos. Era impossível se concentrar.” A versão correta da avaliação chegou 30 minutos depois. Resende fez questão de deixar o local do exame com as duas cópias do teste amarelo: uma com defeitos e a outra sem.

Devido às complicações, alunos da sala perguntaram se haveria tempo adicional para fazer a prova, pedido negado pelo fiscal da sala. Mas, faltando cerca de cinco minutos para terminar o prazo, um outro fiscal chegou com a notícia de que os alunos poderiam ficar uma hora a mais. Até lá, porém, quase todos tinham terminado de marcar o gabarito.

Continua após a publicidade

Ao chegar em casa, Resende contrastou as duas versões da avaliação e viu que a ordem das questões estava diferente. Quando o gabarito oficial foi divulgado, ele se deu conta de que marcou de maneira incorreta muitas questões que deveria ter acertado, não fosse o defeito do primeiro caderno que recebeu.

O estudante tem direito a fazer o exame novamente, mas prioriza o vestibular da UFPI, que acontece no mesmo dia da nova avaliação. Ele fez provas de vestibular seriado – em que o conteúdo de cada ano do ensino médio é avaliado ao final de cada ano letivo – e, com os testes dos dois primeiros anos de colegial, está no 118° lugar da colocação geral. “Acredito que ainda tenho chance de entrar”, afirma. Sua oportunidade seria maior, no entanto, se pudesse fazer a segunda avaliação, que classifica metade das vagas da universidade. Com o Enem, a invés de concorrer a 13 vagas, o aluno concorreria a 26. “Não acho justo ter que escolher entre uma e outra”, reclama. “Estou inscrito para as duas e me preparei para ambas.”

Na semana passada, Luís visitou a Procuradoria da República no Estado do Piauí, acompanhado do diretor de uma das unidades do Anglo de Teresina, onde estuda, e de outros três colegas que também receberam a prova amarela. Eles prestaram um termo de declarações – tipo de recurso – contra o Inep. A Procuradoria requisitou informações aos órgãos envolvidos em relação às provas e, a partir dos dados divulgados, decidirá quais medidas adotará. A intenção é, caso não seja possível alterar a data da prova, modificar ao menos o horário, de modo que seja possível fazer os dois exames.

Continua após a publicidade

Vívian Katiusca Girão Sampaio, assessora jurídica da Procuradoria da República no Estado do Piauí, tem ouvido e registrado as queixas. Disse que 13 pessoas já prestaram termo de declaração em função de reclamações variadas. Entre elas, a mais recorrente era a falta de preparo dos fiscais.

Sampaio chegou a recomendar a Resende que ele ingressasse com pedidos de danos morais contra Inep. “Pelo que ele me falou de suas notas, provavelmente seria muito bem sucedido.” O estudante ganhou prêmios do Anglo de melhor da turma no primeiro e no segundo ano do colégio. Também foi aprovado em primeiro lugar no curso de farmácia da Faculdade Integral Diferencial (Facid).

O Inep, responsável pela aplicação do Enem, foi contatado para explicar quais providências pretende tomar para que pessoas na mesma situação de Resende não sejam prejudicadas. O Instituto não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.