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Por que as escolas privadas dominam o Enem

Instituições passaram a investir na prova, desde que ela virou porta de entrada de universidades federais

Por Nathalia Goulart
19 jul 2010, 13h12

Dados divulgados pelo Ministério da Educação nesta segunda-feira apontam que as escolas que ocupam o topo do ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009 são privadas. O fato de o ensino nessas instituições ser, em geral, de qualidade superior ao oferecido pelas públicas é amplamente conhecido. Mas há razões adicionais que explicam o predomínio das privadas no Enem, segundo avaliam especialistas em educação ouvidos por VEJA.com.

Ao ser criado, em 1998, o Enem tinha apenas o objetivo de avaliar a qualidade da educação nos anos finais do ensino médio. Desde o ano passado, porém, o resultado da prova passou a compor de alguma forma a nota de candidatos em vestibulares de todo o país. Em 2010, pelo menos 52 das 58 universidades federais – algumas das mais respeitadas do Brasil – vão adotar a nota do Enem em seus processos seletivos.

Ou seja: com a novidade, o Enem ganhou importância. E as escolas passaram a preparar melhor seus alunos. Com mais recursos, as particulares saíram na frente. “Elas investiram muito para obter esse bom desempenho”, afirma Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP. “O primeiro passo foi apostar na qualificação dos professores, para que esses mestres entendessem o novo significado do Enem”.

Adilson Gracia, diretor do Colégio Vértice – primeiro colocado no ranking do Enem 2009 -, nega que a escola tenha direcionado seus esforços para a preparação para o Enem. Mas admite que existe no colégio uma dedicação para o vestibular em geral. “E, hoje, sem dúvida, o Enem está na rota das grandes provas”, afirma.

Se as instituições privadas absorveram mais rapidamente as mudanças do exame nacional, as públicas ainda mostram dificuldades em preparar seus alunos, acredita Neide Bittencourt, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “As escolas particulares souberam analisar os resultados dos exames anteriores com eficiência pedagógica e as públicas, ainda não”, diz. Para Álvaro Crispino, professor da Fundação Getúlio Vargas e autor do livro Cenários Futuros para Educação, o predomínio das instituições privadas no ranking não surpreende. “Elas trabalham de olho na melhores universidades. Quando o Enem virou porta de entrada para essas instituições, passou a ser um objetivo vital”, opina.

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Outro motivo que leva as escolas privadas a investir na preparação para o Enem é o próprio mercado. Ou melhor, a concorrência. Afinal, com melhores notas e mais aprovação no exame, as escolas bem colocadas no ranking do MEC se tornam mais atraentes aos pais que tem que decidir onde matricular seus filhos. “O resultado da escola e de seus alunos no Enem se tornou um chamariz”, diz Neide Noffs.

Ranking – Entre as dez primeiras colocadas do ranking 2009, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG) é a única instituição pública. Se forem consideradas as 50 melhores, mais oito instituições públicas se destacam. Uma é militar, uma é ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), duas são federais e quatro são ligadas a universidades públicas.

A qualidade do ensino nessas escolas, porém, não reflete a realidade das demais instituções públicas no país, lembra Neide Bittencourt. “Os alunos desses centros têm uma situação privilegiada”, diz. “Nas demais, de uma forma geral, falta gestão. Não há qualificação dos professores, estabilidade nem infra-estrutura. Tudo isso faz com que o aluno renda menos”, constata.

As escolas com os piores desempenhos no Enem 2009 reforçam a tese. Entre as dez últimas colocadas, todas são públicas, sendo nove estaduais e uma municipal. Entre as 50 últimas, nenhuma é privada.

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