Matrículas em cursos de educação a distância sobem 58%
Segundo estudo da Abed, em 2011, foram feitos 3,5 milhões de registros
As matrículas em cursos de educação a distância aumentaram 58% no Brasil entre 2010 e 2011, ultrapassando a marca de 3,5 milhões de registros. O número consta do Censo de Educação a Distância 2011, lançado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e pela empresa de soluções educacionais Pearson Brasil. A Abed, contudo, afirma que o crescimento poderia ser ainda maior se a penetração da internet no país fosse superior.
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Segundo dados do Ibope divulgados nesta terça-feira, cerca de 71 milhões de brasileiros têm acesso à internet em locais de trabalho ou residência. Desses, 45% têm banda larga. Ou seja, ainda há muita gente sem acesso à rede. “Além de custarem menos, aulas pelo computador aumentam a conveniência e a interação do aluno. Quanto mais banda larga tivermos, mais o setor crescerá”, diz Fredric Litto, presidente da Abed e fundador da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP).
O Censo de EAD 2011 também chama a atenção pela supremacia dos cursos livres em relação aos corporativos e aos autorizados pelo Ministério da Educação (MEC), como as modalidades de graduação e técnica. A tendência não havia sido verificada nas pesquisas anteriores.
Os cursos livres registraram aumento de quase quatro vezes no número de matrículas, passando a responder por 77% do total. Para Litto esses cursos prosperam porque não precisam seguir regras de controle do MEC, o que os torna mais inovadores, dinâmicos e, por consequência, atrativos.
Nessa modalidade, encaixam-se, por exemplo, cursos de língua estrangeira e história da arte. Outra razão para o sucesso dessa modalidade seria o reconhecimento, pela socidade, de que parte das profissões não exige para seu exercício uma graduação formal. “Você precisa de conhecimento e inteligência, mas o diploma universitário não é absolutamente fundamental a todos”, afirma Litto.
Apesar do interesse crescente por cursos a distância, nem todos os brasileiros levam a tarefa até o fim. A evasão entre os cursos corporativos cresceu nada menos do que 163%. Entre os cursos autorizados e livres, a evolução da evasão foi menor: respectivamente, 10% e 5,8%.
A hegemonia das instituições privadas no segmento do EAD é outra evidência do levantamento: essas escolas respondem por 60,5% das matrículas. O restante dos alunos está dividido entre instituições sem fins lucrativos (14,5%) e públicas (15%) – os 10% restantes se referem a fundações, entre outras. A região Sudeste concentra a maior oferta de cursos. Mas é a Sul que aparece no topo do ranking de matrículas, com mais da metade dos registros.
Perfil dos alunos – Com exceção dos cursos corporativos, onde 52% dos estudantes são homens, as mulheres ainda predominam no EAD. Nas modalidades autorizada e livre, elas representam 57% do total de estudantes.
O presidente da Abed defende que a motivação e a disciplina entre os estudantes do EAD já superam as registradas entre os alunos de cursos presenciais. A idade média daqueles é de 30 anos. “Em geral, são pessoas casadas, com filhos e que precisam avançar na carreira. Elas precisam ganhar dinheiro”, diz.
Para Litto, a tendência de crescimento da EAD deve se confirmar nos próximos censos do setor. “As pessoas querem conhecimento, mas também desejam escolher de que forma, onde, quando e como adquiri-lo. Nesse sentido, o ensino presencial é muito limitado”, diz.
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