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Khan Academy firma acordo global com fundação brasileira

Em São Paulo, o americano Salman Khan, criador do serviço, relembra história do site de videoaulas e anuncia acordo com Fundação Lemann

Por Nathalia Goulart
17 jan 2013, 16h50

Depois de visitar Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o americano Salman Khan, de 36 anos, criador das vídeoaulas que correram o mundo reunidas sob o selo da Khan Academy, desembarcou em São Paulo nesta quinta-feira para participar de um encontro com profissionais da área da educação. À plateia, o guru das videoaulas relembrou sua trajetória e apresentou planos de expandir a atuação da Khan Academy no Brasil. O americano anunciou ainda um novo parceiro global, a Fundação Lemann, que já trabalha na difusão dos vídeos do site no Brasil e que agora vai auxiliar na divulgação mundial do trabalho do professor mais famoso da internet. O valor da ajuda da Lemann não foi revelado.

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Salman Khan conta suas descobertas sobre o aprendizado

Descendente de indianos, Khan ganhou notoriedade quando, há cerca de seis anos, passou a postar no YouTube aulas de matemática para auxiliar seus primos, que viviam em outro estado americano. Em pouco tempo, apareceram mais alunos. Milhares de pessoas com dificuldades com operações básicas e complexas acompanhavam os ensinamentos de Khan. Diante de tamanha repercussão, o que era hobby virou ocupação: o professor abandonou o emprego e saiu em busca de financiamento para o projeto.

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Àquela altura, a linguagem simples com que Khan tratava de assuntos áridos já havia despertado a atenção de Bill Gates, o fundador da gigante do software Microsoft. “Quando fiquei sabendo que meus vídeos tinham chegado à casa de Gates, comecei a tremer. Afinal, aquelas aulas eram para ajudar minha prima, não os filhos dele”, disse Khan à plateia brasileira. Hoje o americano diverte-se com a história. O contato da Microsoft, feito por intermédio de um assessor de Gates, chegou em boa hora para a Khan Academy e deu início à amizade entre o professor e o gênio da computação.

Gates deu o empurrão que faltava para transformar as lições de Khan em uma revolução educacional. Até a última contabilização disponível, mais de 6 milhões de pessoas já haviam passado pela sala de aula virtual idealizada pelo americano. “Isso representa dez vezes o número de estudantes que já passaram pela Universidade Harvard desde sua fundação, em 1636”, lembrou Khan. Com parcerias ao redor do mundo, os vídeos estão sendo traduzidos e usados em escolas do mundo inteiro. No Brasil, a iniciativa capitaneada pela Fundação Lemann já adaptou para o português 400 aulas, que estão disponíveis gratuitamente na internet. Em 2013, a Lemann vai distribuir esse material a 200 escolas públicas de São Paulo.

“Quando comecei tudo isso, pensei nas aulas como um conteúdo complementar. Nunca imaginei que elas um dia estariam dentro das escolas”, afirmou Khan. Para atender às necessidades acadêmicas, foram necessárias adaptações no sistema. Ferramentas de monitoramento voltadas para os professores foram criadas, permitindo aos docentes personalizar ensinamentos de acordo com a dificuldade de cada estudante. Para muitos especialistas, é o que há de mais avançado na educação. “Hoje, apenas 20% do tempo do professor é realmente dedicado à construção de um relacionamento com o aluno. A tecnologia permite que o tempo em sala de aula seja melhor aproveitado”, disse Khan.

Além do Brasil, Khan esteve no México nesta semana. Lá, firmou parceria com o empresário Carlos Slim, o homem mais rico do mundo. Slim anunciou a tradução de 1.000 videoaulas da Khan Academy para espanhol dentro de um pacote que prevê investimentos de 317 milhões de reais nos próximos três anos.

No Brasil, Khan foi instado pela presidente Dilma a desenvolver conteúdos para o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa, lançado no fim do ano passado pelo governo federal. Ele comentou o convite. “O letramento é uma demanda mundial. Recebo pedidos de várias partes do mundo para desenvolver conteúdos sobre o tema. Infelizmente, isso não deve acontecer em um futuro muito próximo.” Isso porque as aulas da Khan Academy são focadas em disciplinas da área de exatas, com as quais seu fundador tem afinidade. Aos poucos, os conteúdos começam a se diversificar, com a introdução de disciplinas da área de humanas, como história. Mas esse não é um processo rápido, diz o professor: “Ainda é um desafio expandir nosso campo de atuação.”

Com Dilma e Mercadante, Khan acertou a distribuição de um software que será colocado nos 600.000 tablets que o governo distribuirá neste semestre aos professores do ensino médio da rede pública. Nos dispositivos, serão exibidas videoaulas feitas por Khan devidamente traduzidas para o português.

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Atualmente, a Khan Academy, que se mantém como organização sem fins lucrativos, emprega cerca de 40 pessoas, entre elas ex-professores que auxiliam na elaboração de vídeos. O acervo da instituição conta com mais de 3.800 aulas. Em 2012, o professor mais bem-sucedido de todos os tempos lançou o livro The One World Schoolhouse: Education Reimagined, que acaba de chegar ao Brasil com o títutlo Um Mundo, uma Escola (Editora Intrínseca; 272 páginas; 29,90 reais). Nele, Khan narra suas descobertas sobre o aprendizado com a mesma informalidade com que trata de problemas matemáticos na internet. Ao auditório brasileiro, ele refirmou seu compromisso: “A missão da Khan Academy é levar ensino de qualidade a todos, em qualquer lugar do mundo. Pela primeira vez, vejo que a possiblidade de levar o mesmo material didático que os filhos do fundador da Microsoft usam a crianças pobres da Mongólia.”

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