Em seu balanço do último ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação Fernando Haddad admite que é preciso fazer mais pelos estudantes no país. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Haddad reconheceu que o Brasil ainda não dispõe de um modelo de valorização do magistério, afirmou que é preciso melhorar a qualidade do ensino médio e admitiu a carência de programas para atender crianças de até 3 anos. O ministro ainda defendeu a promoção por mérito aos docentes.
“Sou favorável à promoção por mérito. Elaborar uma carreira que leve em consideração o mérito e negociar com a categoria como aferir isso de maneira a considerar o esforço do professor é louvável”, afirmou Haddad. Para ele, o governo precisa cumprir a promessa feita em 2007 de criar uma prova nacional de admissão para professores.
O ministro também defendeu o estágio probatório para a efetivação dos profissionais na carreira. “É preciso considerar a atuação em sala de aula, pois muitas vezes o professor pode até ser bem-sucedido em uma prova e eventualmente malsucedido na sala de aula. A promoção por mérito, que também ocorre na universidade, não desmerece, pelo contrário, valoriza o profissional”.
Haddad classificou os maus resultados dos estudantes do ensino médio no país como fruto de distorções históricas que vêm desde a alfabetização. “Estendemos todos os programas de apoio para o ensino médio, que não contava com alimentação, transporte, livro didático, Bolsa-Família. Começamos a estruturar um currículo muito mais adequado do que se tem hoje”, disse o ministro.
Sobre a chamada primeira infância, o ministro reconheceu que esse é um assunto pendente no país. “Quando aprovamos a ampliação da obrigatoriedade do ensino ficou essa questão por resolver. Ainda estamos com um atendimento muito baixo nessa faixa etária. Devemos fechar o governo com alguma coisa entre 21% e 22% de atendimento, contra 11% de 2002. Mesmo tendo dobrado, ainda estaremos em um patamar aquém das necessidades”, disse Haddad.