Greve na USP, Unesp e Unicamp começa nesta terça-feira
Professores e funcionários protestam contra congelamento dos salários anunciado pelos reitores das três universidades estaduais
Professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) entram em greve nesta terça-feira. Em cinco campi da Unesp a paralisação dos servidores começou na semana passada, logo após a decisão do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) de manter o congelamento dos salários neste ano. Segundo os dirigentes, atualmente os salários comprometem 95,42% do orçamento da Unesp, 97,33% da Unicamp e 105% da USP, o que explica o congelamento.
O financiamento das universidades estaduais paulistas será tema de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta tarde. Os reitores das três instituições foram convidados para participar do debate, assim como representantes sindicais. De acordo com o Cruesp, nenhum representante do conselho estará na audiência. Em nota, o órgão afirmou que “vem sendo mantidas as negociações com a presidência da comissão de orçamento da Assembleia Legislativa.”
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Com relação às negociações sobre o salário, o órgão afirmou que organizará “reuniões mensais de acompanhamento da arrecadação para avaliar a situação orçamentário-financeira” com a presença do Fórum das Seis, que reúne entidades sindicais das três instituições. O reajuste voltará a ser discutido em outubro.
O Fórum das Seis, por sua vez, afirma que só negociará o fim da greve quando os reitores apresentarem uma nova proposta de reajuste. O grupo pede ainda que repasse do governo para as universidades estaduais seja de 11,6% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Atualmente, universidades recebem repasse anual de 9,57%, sendo que 5% vai para a USP e o restante é dividido entre USP e Unicamp. O valor das transferências varia de acordo com a arrecadação estadual. O montante previsto para este ano é de 11,7 bilhões de reais.
Ainda segundo os cálculos do Fórum das Seis, entre 2008 e 2013, mais de 2 bilhões de reais não foram repassados para os cofres das universidades. O montante é referente aos recursos da nota fiscal paulista, multas e habitação, que teriam sido descontados do ICMS antes do repasse às estaduais.
Aula aberta – Para chamar atenção para a crise na USP sem parar as atividades acadêmicas, o professor Maurício Felício, da Escola de Comunicações e Artes da USP, decidiu organizar uma aula aberta na manhã desta terça-feira no vão livre do MASP, na Avenida Paulista. Felício afirma que a iniciativa visa aproximar a sociedade da universidade, além de ser uma crítica ao modo como a greve vem sendo conduzida. “Eu não concordo com a maneira como a greve está sendo feita. Ao aderir a uma greve, nem sempre os participantes conhecem ou concordam com todas as reivindicações. No fim, a maioria fica em casa e poucos acabam se manifestando.”
Para Felício, a paralisação não é o melhor caminho para reivindicar mudanças. “Considero justas muitas das pautas apresentadas pelos grevistas, mas os professores precisam demonstrar o seu valor à sociedade para depois cobrar um salário justo”, afirma o docente.