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Estudantes estrangeiros invadem o Japão para estudar mangá

Mais de dez programas foram criados no país para ensinar os segredos dos desenhos animados japoneses

Por The New York Times
27 dez 2010, 16h25

O currículo das escolas geralmente inclui cursos de desenho e produção de filmes, assim como direção, roteiro e direitos autorais

O americano Zack Wood, de 25 anos, formado na universidade de Stanford, está se preparando para uma carreira em animação, design e computação gráfica. Para isso, ele resolveu estudar as técnicas do mangá, no Japão. “Gosto daqui porque você fica totalmente imerso no treinamento de habilidades”, disse Wood, que estuda na Universidade Kioto Seika. “Isso se tornou muito divertido.”

Nos últimos dez anos, mais de dez departamentos universitários e programas foram criados no Japão para oferecer uma graduação ou um conjunto de cursos com concentração em mangás, animação e videogames.

O fato está relacionado à estratégia das universidades japonesas para atrair estudantes estrangeiros para suas salas de aula por causa da baixa taxa de natalidade do país.

Na Universidade Kioto Seika, onde funciona o primeiro programa de mangá no país, o número de estudantes estrangeiros matriculados aumentou para 57 entre os 800 alunos do programa. Em 2000 os estrangeiros eram 19.

A Digital Hollywood University, uma escola em Tóquio especializada em animação e videogames aberta em 2005, sempre recebeu muitos estrangeiros. Em 2010 foram 84, cerca de 20% das matrículas.

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“Num futuro próximo, queremos ter 50% de alunos estrangeiros”, disse Tomoyuki Sugiyama, presidente da universidade. A Digital Hollywood tem prédios espalhados pela área de Akihabara, a capital nacional para os otaku – como os nerds são chamados no Japão. Por ali, estudantes da Coreia, China, Malásia, Taiwan e outros países da Ásia misturam-se com estudantes japoneses.

Aprendizado – O currículo das escolas geralmente inclui cursos de desenho e produção de filmes, assim como direção, roteiro e direitos autorais. De posse do conhecimento técnico, muitos estudantes estrangeiros ficam ansiosos para ganhar experiência profissional no Japão depois da graduação, antes de voltar para casa.

Li Lin Lin, 28 anos, estudante do nordeste da China matriculada na Digital Hollywood University, espera conseguir um emprego na indústria de animação chinesa após concluir o curso. “Acho que você pode fazer quase tudo quando voltar para casa depois de conseguir uma licenciatura e experiência profissional no Japão”, disse Li, depois de uma aula de colorização digital numa tarde de sábado.

Hidenori Ohyama, diretor de estratégia corporativa da Toei Animation, disse ser possível que estudantes estrangeiros possam ser contratados por empresas japonesas como a sua. “Se eles se aplicam e passam em nossos testes, vão se tornar funcionários como qualquer outra pessoa”, disse. Sua empresa de animação, que produziu os filmes Dragon Ball e Slam Dunk, tem produtores romenos e coreanos, entre outros estrangeiros, disse Ohuama.

Trabalho – Ainda assim, nenhum dos programas orientados à animação das universidades japonesas parece estar no radar internacional de empresas de recrutamento, disse Kison Chang, gerente de treinamento da Imagi Studios, um estúdio de animação internacional com sede em Hong Kong.

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Ele disse que os estudantes no Japão com sólida experiência profissional poderiam ser os principais candidatos em qualquer estúdio do mundo. “Eles certamente seriam um grande benefício à nossa linha profissional”, disse ele. “Podem trazer um tipo de espírito que não temos, ou algo que não sabemos e que poderia ser um estímulo para nós.”

Nos últimos anos, as universidades da China e da Coreia também começaram a oferecer programas de mangá e animação, atraindo muitos estudantes locais. Mas Keiko Takemiya, reitor do programa de mangá da Universidade Kioto Seika e uma famosa artista de mangá, disse que há diferenças. “O que se ensina na Coreia são desenhos animados como você vê nos Estados Unidos”, disse ela. “Eles não ensinam bem a ‘história do mangá’.”

Para adultos e crianças – A historia do mangá é conhecida por narrativas longas e distintas, em comparação com o desenho linear caracterizado por gags e piadas. Takemiya disse que o segredo do mangá está nas fronteiras ilimitadas de forma e conteúdo, e que os tipos de mangás disponíveis no Japão superam os de outros países. Isso inclui desenhos com temas adultos e animações que, por vezes, incluem conteúdo sexual explícito.

“O que ensinam na China é animação para crianças”, disse Sugiyama, da Digital Hollywood. “Mas o que ensinamos é voltado para crianças e adultos.” Ainda assim, a maioria dos acadêmicos e professores admite que o currículo ainda está sendo sistematizado.

“Estamos juntos e oferecemos aulas que acreditamos serão úteis para pessoas que irão para o mercado, mas se esperarmos até que os estudos de animação e mangá estejam totalmente estruturados e organizados academicamente, poderá ser tarde demais”, disse Sugiyama. “Em um mundo onde conteúdo criativo é digital e globalizado, precisamos formar os jovens agora.”

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