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Desafio da nova presidente do Inep é recuperar Enem. E permanecer no cargo

Em oito anos, instituição teve seis presidentes. Para especialistas, trocas constantes prejudicam trabalho da autarquia responsável pelo Enem

Por Nathalia Goulart
18 jan 2011, 17h23

Malvina Tânia Tuttman, reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), foi nomeada nesta terça-feira presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Tem ao menos duas missões: recuperar a imagem de inépcia do Inep na gerência do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e manter-se no cargo por mais tempo do que seus antecessores. Tuttman é a sétima presidente da autarquia ligada ao Ministério de Educação (MEC) em pouco mais de oito anos.

Joaquim José Soares Neto, o chefão anterior do Inep, assumiu o posto em dezembro de 2009, em substituição a Reynaldo Fernandes, que caiu por conta do vazamento da prova do Enem antes de sua realização. Soares Neto, por sua vez, alega que a saída não se deve à grande trapalhada da sua gestão – o erro na impressão de provas -, mas provavelmente esta será a marca que ficará. Além disso, deixa o barco no momento em que estudantes que realizaram a última e conturbada avaliação reclamam que, indevidamente, ganharam zero na redação – por ora, apenas uma queixa de maus alunos. Entre 2002 e 2008, sucederam-se no cargo João Batista Gomes Neto, Otaviano Helene, Raimundo Luiz Silva Araujo e Eliezer Moreira Pacheco. Alguns sentaram-se na cadeira por apenas sete meses.

“A troca sucessiva na presidência de qualquer órgão é prejudicial: cria instabilidades em toda a equipe e dificulta o desenvolvimento de projetos de longo prazo”, afirma Maria Helena Guimarães, que presidiu a instituição entre 1997 e 2002. “O Inep não é apenas um órgão executivo, é um instituto de estudos e pesquisas. Isso torna as trocas ainda mais delicadas.”

Outra ex-líder da autarquia dá pistas para os problemas enfrentados hoje. E também para as pedras no caminho de seus presidentes. “Desde a década de 1990, o Inep ganhou proporções e obrigações inéditas. Com a quantidade de provas e estudos que realiza, tem a tendência de engolir seus líderes”, diz Pedro Demo, que chefiou o Inep no fim da década de 1980.

Nem tudo são danças de cadeiras e confusão em matéria de educação federal. A conhecida Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) tem um histórico oposto. Jorge Alemida Guimarães, seu presidente, ocupa o cargo desde 2004, não deve deixar a instituição neste ano, já que acaba de ser reconduzido ao cargo pelo ministro Fernando Haddad, e também não costuma ser motivo de críticas de especialistas e estudantes. “É possível notar a continuidade na gestão dentro da Capes”, diz Maria Helena.

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Sorte a Tuttman – Continuidade na dia a dia do Inep é o que pedem os especialistas. “É indispensável que a nova gestão traga projetos de longo prazo para que a instituição se fortaleça em meio à intabilidade”, diz Maria Helena. Para Pedro Demo, a nova presidente “precisa colocar ordem na casa e analisar com muita atenção os problemas que derrubaram as gestões anteriores”.

O problema, concordam, responde principalmente pelo nome de Enem. Desde que foi reformulado, em 2009, o exame se tornou passaporte para universidades públicas de todo o país. Em 2009, a prova foi furtada da gráfica e o exame foi suspenso dias antes de sua aplicação. No ano passado, um lote de 21.000 exames apresentou erro de impressão e o cartão de resposta estava invertido. O caso migrou das páginas de educação para as de polícia. A Justiça interveio, e o exame prosseguiu válido.

É consenso que controlar uma avaliação dessas dimensões não é tarefa fácil – nem por isso, falhas são admissíveis. Em jogo, estão o preenchimento de mais de 83.000 vagas em 83 instituições públicas de ensino superior e, é claro, a vida dos 4,5 milhões de candidatos envolvidos no processo.

“Coordenar e fazer esta engrenagem andar requerem muito trabalho”, diz Pedro Demo. O MEC já sinalzou que está preparando alterações no modelo. Resta saber quem estará sentado na cadeira no Inep para levar tal tarefa adiante.

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