O Ministério da Educação informou na manhã desta quarta-feira que vai apurar o vazamento de dados pessoais dos mais de 12 milhões de estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2007, 2008 e 2009. Por meio de uma nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) confirmou o vazamento e disse que a direção da entidade apura as “causas e responsabilidades” pelo episódio.
O acesso a informações como nome, números de RG e CPF, data de nascimento e nome da mãe dos inscritos no Enem ficou livre para quem quer que acessasse a página do Inep, mantida pelo Ministério da Educação, das 14h às 17h de terça-feira. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, estava disponível o acesso até mesmo aos dados do filho do ministro da Educação, Fernando Haddad, que prestou Enem em 2009.
O ministério afirma que vazaram somente dados como nome, filiação e números de documentos dos estudantes, mas, segundo a edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo, era possível acessar também o perfil socioeconômico e o desempenho dos inscritos na prova. O Inep retirou as informações do ar assim que foi avisado da falha pelo Estado de S. Paulo.
As listas que vazaram na web eram utilizadas para controle interno do Inep, que organiza o Enem. Links na página do instituto davam acesso a todas essas informações sem que houvesse a necessidade de senha. Geralmente, essas listas são acessadas por instituições de ensino, que avaliam a concessão de bolsas de estudo a partir dos dados informados pelos estudantes.
Ainda de acordo com o Estado de S. Paulo, o problema foi informado ao jornal por técnicos de uma escola de 1.º e 2.º graus da Grande São Paulo. Essas pessoas teriam encontrado os endereços eletrônicos há cerca de quatro meses, ao pesquisar no portal para ver se as notas dos alunos já haviam sido divulgadas. Segundo eles, para ter acesso aos dados, não foi necessário fazer nenhum trabalho de hacker, apenas seguir links indicados no portal.
Em outubro do ano passado, o Ministério da Educação precisou adiar a realização do Enem após o vazamento da prova. Depois do episódio, a USP, a Unicamp e a PUC-SP desistiram de utilizar a nota do exame em seus processos seletivos.