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Aproveitamento escolar de alunos negros é menor do que o esperado

Apenas 12% de alunos negros na quarta-série do ensino fundamental estão aptos a ler. Entre os alunos brancos, a porcentagem sobre para 38%

Por The New York Times
15 nov 2010, 06h42

A enorme diferença entre o desempenho de estudantes brancos e negros americanos é bem conhecida – um agravante social que divide legisladores e é alvo de uma série de reformas escolares. Porém, um novo levantamento, focado em negros do sexo masculino, afirma que a situação é ainda pior do que se imaginava.

Apenas 12% de alunos negros na quarta-série do ensino fundamental estão aptos a ler. Entre os alunos brancos, essa porcentagem sobre para 38%. Somente 12% dos estudantes negros na oitava série tem o aproveitamento exigido em matemática, contra 38% de alunos brancos.

Isolada do contexto, a pobreza não parece ser fator suficiente para explicar tais diferenças: garotos brancos pobres possuem desempenho igual ao de garotos afro-americanos que estão inseridos num contexto de pobreza, um índice medido por meio da merenda subsidiada às escolas.

As informações foram criteriosamente avaliadas por meio de respeitáveis testes de proficiência em matemática e leitura, conhecidos como National Assessment for Educational Progress (Avaliação Nacional de Progresso Educacional), aos quais os estudantes foram submetidos em 2009, respectivamente, na quarta e oitava séries. O levantamento chamado A Call for Change (Um despertar para mudança) foi publicado pelo Council of the Great City Schools, um grupo de defesa de escolas públicas urbanas. Ainda que algumas razões mais suaves e outras um tanto específicas sobre o problema já tenham sido relatadas anteriormente, o grupo espera que coletando um punhado de dados “de cair o queixo” vai causar uma espécie de solavanco, trazendo um senso de emergência nacional.

“O que isto claramente demonstra é que negros do sexo masculino sem elegibilidade para receber a merenda gratuita ou com preço reduzido não estão se saindo melhor do que brancos do mesmo sexo que são pobres”, conta Michael Casserly, diretor executivo do conselho. O levantamento mostra que, em média, garotos negros não conseguem acompanhar o ritmo desde o primeiros anos de vida. A taxa de mortalidade de bebês é maior entre mães negras e crianças de pais negros são duas vezes mais propensas a viver num lar de pais desempregados. Durante o ensino médio, estudantes afro-americanos largam os estudos cerca de duas vezes mais que estudantes brancos, e a pontuação no SAT (exame educacional padrão aplicado nos Estados Unidos) fica em média 104 pontos mais baixa, se comparada à pontuação dos demais alunos. Na universidade, o número de homens negros representava apenas 5% dos alunos em 2008.

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A análise dos resultados dos testes concluiu que a pontuação matemática de 2009 para alunos negros do sexo masculino não foi tão diferente da pontuação obtida por meninas negras cursando quarta e oitava séries, mas os garotos ficam atrás dos alunos latinos de ambos os sexos, que estão abaixo da média dos garotos brancos em 30%. A busca recente por explicações tem pesquisado outras causas além do fator pobreza, o que pode futuramente estimular novos esforços.

“Existem provas mais do que suficientes de que alunos são submetidos à preconceitos raciais muito antes do primeiro dia no jardim de infância”, conta Ronald Ferguson, diretor do Achievement Gap Initiative em Harvard. “Eles precisam lidar com uma série de pressões históricas e sociológicas. Ao invés de somente relatar isso, precisamos iniciar debates que as pessoas relutam em ter.” Isso inclui “discussões sobre técnicas de cuidados que pais e mães devem ter nos primeiros estágios da infância”, completou Ferguson. “São atividades que pais podem desenvolver com suas crianças entre dois e quatro anos de idade. O quanto é preciso conversar com eles, as formas de se conversar, maneiras de impor disciplina e de encorajá-los a pensar e desenvolver um senso de autonomia.”

O levantamento propõe ainda uma conferência na Casa Branca, impelindo o Congresso a destinar mais verba para que escolas possam estabelecer uma rede de mentores negros.

As únicas discussões que o levantamento não abrange são respostas identificadas com um movimento robusto de reformas escolares que enfatiza o fechamento de escolas fracas, oferecendo apenas a opção por charter schools (escolas independentes que não são administradas por um distrito escolar), o que aumenta a qualidade dos professores.

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O levantamento optou não ir por este caminho porque “não existe muito material de pesquisa que aponte que tais estratégias levem a melhores resultados”, disse Casserly. No entanto, há opiniões divergentes: “a chave para diminuir as diferenças é “ensino de boa qualidade”, disse Ferguson.

Uma das maiores escolas distritais que já demonstra progresso é a Baltimore, onde a taxa de estudantes afro-americanos que largam os estudos baixou para 4,9% no último ano letivo, contra 11,9% nos três anos anteriores. O índice de alunos negros que se formam também aumentou: 57% entre 2009 e 2010, comparados a 51% nos três anos anteriores.

Andres Alonso, diretor do Baltimore City Public Schools, afirma que a melhora teve um pouco a ver com mudanças como a extensão do período de permanência nas escolas e a inserção de tutores. Mas, antes, Alonso fez críticas agressivas à escolas fracas, que chegaram a bater à porta de muitos desistentes para tentar convencê-los a voltar, gerando uma série de alertas. “Este ano, a taxa de desistência entre latinos a afro-americanos foi menor do que a de alunos brancos,” afirma Alonso.

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