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Zika vírus faz explodir o mercado de repelentes no Brasil

Por medo do zika vírus, gestantes e mães de crianças pequenas entram em filas de espera nas farmácias e chegam a estocar o produto em casa

Por Teo Cury 12 dez 2015, 11h41

Grávida de oito meses, a administradora Michelle (que pediu para não ter seu sobrenome divulgado) visitou seis farmácias em São Paulo na última semana para tentar achar repelente. Ela não encontrou, mas ainda não se deu por vencida. Michelle pôs seu nome na lista de espera de duas drogarias e pediu ajuda para amigos e familiares – dois primos seus também colocaram seus nomes em listas e estão esperando contato. Por enquanto, nenhuma resposta. “A procura está horrível. A demanda é muito alta”, afirma a administradora.

O Ministério da Saúde confirmou, até o dia 5 de dezembro, 1.761 casos de microcefalia, doença que compromete a formação cerebral de bebês e está associada ao vírus. Como o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, a epidemia transformou o repelente em produto de primeira necessidade para gestantes em todo o Brasil. Em um país com economia sob forte retração, esse é um caso raro de segmento industrial em franca expansão.

A cada fim de ano, as farmácias reforçam seus estoques do produto, mais procurado durante as férias de verão – mas os estoques têm sido reabastecidos muito antes do que é habitual. “As pessoas podem ter dificuldade em encontrar, mas as entregas são diárias e as importações, semanais”, diz Paulo Guerra, diretor geral do laboratório Osler, que fabrica o repelente Exposis, um dos mais vendidos.

Logo depois que o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o zika víris e a microcefalia, no dia 28 de novembro, as vendas dispararam. O laboratório Osler, por exemplo, aumentou sua produção em 1.100% nos dez dias que se seguiram ao anúncio do Ministério.

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A psicóloga Mariá Monteiro Cristo, grávida de cinco meses, comprou um repelente da marca Exposis há um mês por recomendação de seu médico. “Ele disse que o repelente dura dez horas no corpo, mas recomendou que eu passasse de seis em seis horas para prevenir”, disse. “Inclusive por cima da roupa.” É o que Mariá tem feito. Outros especialistas consideram a prática inócua, mas o medo impôs a prática a muitas gestantes.

A alta das vendas é expressiva também na concorrência. Em outubro e novembro, as vendas das marcas Raid, OFF! e Baygon, da SC Johnson, cresceram, respectivamente, 41%, 55% e 35% na comparação com os mesmos meses de 2014, segundo informou a empresa ao site de VEJA. A companhia não revelou o volume ou a receita das vendas.

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Gestantes, mas não só elas – A explosão do mercado de repelentes no Brasil não se deve apenas à demanda criada pelas gestantes. Mães de crianças pequenas também têm buscado o produto. A publicitária Cátia Munhoili, mãe de dois filhos, de 5 e 9 anos, comprou dois repelentes infantis para um passeio de uma semana no Nordeste. Ela disse que comprou por indicação do pediatra dos meninos. “É muita informação cruzada. Ainda não sabemos ao certo quem é o principal alvo, mas comprei e acredito que estou agindo da forma que tem que ser”, diz.

Os fabricantes já receberam relatos das farmácias de mães que compram 50 tubos de uma só vez, para estocar. Com tanta procura, a lei da oferta e da procura se impôs: um tubo de Exposis, por exemplo, que podia ser encontrado por 40 reais em farmácias de São Paulo antes da epidemia, agora já sai por até 100 reais.

Houve um pico caso similar de consumo em maio deste ano, com a multiplicação de casos de dengue na cidade de São Paulo. Os fabricantes dizem que não há desabastecimento, mas, com tanta procura, às vezes a reposição de estoques acaba sendo mais lenta que a corrida de mães e gestantes pelo produto.

Em 2015, as vendas de repelente já cresceram 36%, segundo dados da consultoria Nielsen obtidos pelo site de VEJA. A empresa está trabalhando em um relatório específico para mensurar o efeito apenas do zika vírus sobre as vendas – e a projeção é de que elas tenham crescido ainda mais que os 36% já apurados.

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