Vendas no varejo crescem 2,6% em janeiro e 7,3% em 2011
Indicador do IBGE fica acima da expectativa do mercado; crescimento do ano passado fica abaixo da alta de 10,9% registrada em 2010, maior alta da história
Analistas ouvidos pela Reuters previam alta de 1,5% no mês e 6,3% em um ano; dentre os consultados pela Agência Estado, a mediana projetada era de 1,8% para janeiro e 6,1% para 2011
O comércio varejista continua impulsionando a economia brasileira e começa 2012 em alta. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira, o volume de vendas em janeiro cresceu 2,6% em comparação com dezembro e a receita nominal, 3,6%. É a quarta variação positiva consecutiva dos indicadores em relação ao mês anterior e o maior aumento mensal desde fevereiro de 2010, quando o indicador subiu 3,4%.
Em todo o ano passado, o volume de vendas no varejo subiu 7,3% e a receita nominal, 12,1%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é de 6,6% para as vendas e 11,4% para a receita. O crescimento anual de 7,3%, no entanto, está abaixo da alta de 10,9% registrada em 2010 – o melhor resultado do varejo nos últimos 10 anos.
Analistas ouvidos pela agência Reuters previam alta de 1,5% no mês e 6,3% em um ano. Segundo a Agência Estado, o resultado de janeiro ficou perto do teto das estimativas de especialistas consultados, que variava de 0,2% a 2,7%. A mediana projetava era de 1,8%. Na comparação com janeiro do ano passado, as projeções variavam de alta de 4% a 7,5%, com mediana de 6,1%.
Crescimento do consumo – O forte crescimento do segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo em relação a dezembro (7,4%) foi responsável pelo maior impacto na formação do indicador de janeiro – sozinho, representou 50% da alta do mês. Segundo o IBGE, o aumento do consumo é fruto do maior poder de compra da população, do crescimento da massa de rendimento real habitual dos ocupados, da estabilidade do emprego e do aumento da demanda com o preço dos alimentos abaixo da média nos últimos 12 meses.
Entre as dez atividades pesquisadas, outras seis tiveram resultados positivos para o volume de vendas em janeiro em relação a dezembro (7,4%). Tecidos, vestuário e calçados (5,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,9%) e material de construção (3,7%) também obtiveram resultados acima da média e ajudaram a puxaram o índice.
Livros, jornais, revistas e papelaria (2,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,4%) registraram resultados positivos e apenas combustíveis e lubrificantes (-0,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,3%) e veículos e motos, partes e peças (-2,9%) tiveram taxas negativas no período analisado.
Comparação anual – Apesar da segunda maior queda entre dezembro e janeiro (-2,3%), a atividade equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com crescimento de 32,7%, é o destaque da comparação entre janeiro deste ano e o mesmo mês em 2011. Apenas combustíveis e lubrificantes registrou resultado negativo de 0,7% no período.
Os demais resultados foram de alta de 15,1% para outros artigos de uso pessoal e doméstico, 11,9% para móveis e eletrodomésticos, 10,3% para livros, jornais, revistas e papelaria, 8,6% para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 7,6% para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e 3,1% para tecidos, vestuário e calçados.
Revisões e metodologia – O IBGE fez uma série de revisões nos resultados de meses anteriores. O volume de vendas no comércio em dezembro ante novembro foi alterado para cima, de 0,3% para 0,5%, o de novembro ante outubro também, de 1,2% para 1,3%, o de setembro ante agosto caiu de -0,4% para -0,5% e o de julho ante junho subiu de 1,2% para 1,3%.
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país. Iniciada em janeiro de 1995, a PMC passou por mudança metodológica a partir de janeiro – a última revisão havia sido feita em 2003. Segundo Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, a amostra tem de sempre ser revista. “Você acaba perdendo empresas na sua amostra por conta de empresas que fecham, que deixam de existir. E outras surgem.”
(Com Agência Estado e Reuters)