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“Vamos restaurar a nossa reputação”, diz Deloitte

Sócio da auditoria defende que somente o BC seria capaz de checar infrações nas demonstrações financeiras do Panamericano

Por Thiago Bronzatto
19 nov 2010, 10h03

Criticada por não ter encontrado um rombo de 2,5 bilhões de reais no Banco Panamericano, a Deloitte, responsável pela auditoria dos balanços da instituição financeira desde 2001, resolveu romper com um silêncio de quase dez dias. Em entrevista concedida na noite desta quinta-feira, Maurício Pires Resende, um dos sócios da Deloitte, disse que continuará prestando serviços ao banco e que a sua maior preocupação no momento é limpar o nome da empresa.

Por que a Deloitte não identificou as inconsistências contábeis no banco Panamericano?

Foi feita uma verificação pelo Banco Central, que apurou uma série de inconsistências nas seções de créditos do banco Panamericano. O BC verificou que existia uma discrepância acentuada e, então, expandiu o escopo do trabalho deles, para identificar quais eram as razões do acontecido. Basicamente isso envolveu uma análise complexa, uma revisão, reconciliação de todas essas posições do banco Panamericano com diversas outras instituições. Só soubemos dessa situação em 9 de novembro, quando fomos chamados pelo BC para que a administração comunicasse à Deloitte o que exatamente estava acontecendo e qual era a solução dada para o caso. Então, a razão de não termos identificado as inconsistências contábeis do Panamericano essencialmente se refere ao fato de que isso decorreu de uma análise específica do BC com cruzamento de informações que naquele momento somente a entidade monetária poderia fazer. Nós só soubemos no momento em que fomos chamados pelo BC e, a partir de então, passamos a analisar exatamente o que havia acontecido para poder cooperar com a nova administração no sentido de elucidar essas questões de maneira definitiva.

O papel de uma empresa de auditoria não seria o de checar as demonstrações financeiras entregues pela administração do banco?

Resende – Como eu lhe disse, as inconsistências contábeis só foram descobertas depois de uma análise específica feita pelo BC no cruzamento de informações com outros bancos.

Por que a Deloitte optou por ficar em silêncio num ambiente de fogo cruzado?

Resende – A razão é que, por dever profissional, somos impedidos de prover informações sobre os nossos clientes. E também não teríamos porque fazer isso nesse momento, quando houve uma reestruturação do banco, que foi ajustada com o Banco Central e com o Fundo Garantidor de Crédito. Devemos levar em consideração que temos uma relação de prestação de serviços com o banco Panamericano, nosso cliente. Qualquer coisa que falássemos a respeito causaria tumulto em todo o processo. Sabemos dos riscos que corremos ao ficarmos calados. Nesse momento, temos que preservar o nosso cliente para que ele volte à normalidade. Basicamente, é essa a razão.

Como está a relação da Deloitte com o Panamericano?

Resende – Nossos trabalhos não acabaram. O banco Panamericano ainda é o nosso cliente. Nós ainda estamos investigando o que houve. Por isso, não temos muitas condições de falar no momento.

O Grupo Silvio Santos anunciou que processará, nas esferas cível e criminal, os ex-diretores-executivos do banco Panamericano e também a Deloitte. Qual foi a reação da empresa diante dessa decisão?

Resende – Com relação ao processo do grupo SS, que saiu na impressa, até o momento não recebemos notificação formal do grupo. As questões relacionadas à suspensão dos honorários de auditoria também são infundadas. Nós não recebemos nenhuma notificação oficial.

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A Deloitte cogita processar os ex-diretores-executivos do banco Panamericano?

Resende – Nesse momento, estamos avaliando a possibilidade. Nossa posição é de realmente cooperar. A Deloitte não vai se furtar às suas responsabilidades como auditora do banco Panamericano. Existem outras pessoas, outras entidades, outras instâncias que precisam ser investigadas e responsabilizadas, a começar pela administração do banco. A nossa postura vai ser sempre de cooperar com as autoridades que tiverem investigando o caso. Não temos outro interesse senão restaurar o nosso maior patrimônio, que é o nosso nome, a nossa reputação.

Como a Deloitte, na Inglaterra, reagiu ao saber do acontecido?

Resende – A Deloitte é uma empresa brasileira. Nós temos uma estrutura de sociedade. Somos sócios de algumas entidades. Não temos uma matriz. A Deloitte faz parte de uma organização, uma rede mundial, que é a Deloitte, cuja sede é na Inglaterra, mas essa rede mundial não tem vinculação societária com a firma no Brasil. Na verdade, trabalhamos em cooperação para servir diferentes clientes no mundo inteiro. A informação de que a Deloitte teria a intenção de descredenciar a firma brasileira é infundada. É absurda. Porque, ao contrário do que foi veiculado, temos recebido todo o suporte necessário, para poder atender os clientes brasileiros e os internacionais.

Qual é a previsão de entrega do próximo balanço do banco Panamericano?

Resende – Uma vez que essas inconsistências foram detectadas pelo BC, cabe agora à administração definir os ajustes que serão feitos. A partir disso, teremos condições de emitir um relatório em relação ao balanço. Nós não temos como falar num prazo. Existem ações a serem tomadas pela nova administração e procedimentos que precisamos complementar. Entendo que quem poderia dar essa resposta com mais propriedade seria o próprio banco. Nós não temos condições de garantir uma data.

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