Vale reduz investimentos e diz que será “prudente” com dividendos
Mineradora atualizou estimativas de investimento e de produção de minério de ferro para 2016, em meio aos baixos preços da matéria-prima do aço
A mineradora Vale reduziu suas projeções de investimento e de produção de minério de ferro para o próximo ano, em meio aos baixos preços da matéria-prima do aço e diante de um excesso de oferta global da commodity, que fazem com que a companhia tenha prudência para falar sobre dividendos nos próximos anos.
A maior produtora global de minério de ferro informou nesta terça-feira que prevê investir 6,2 bilhões de dólares em 2016, ante projeção de aporte de 8,2 bilhões de dólares em 2015. No caso da produção, a mineradora reduziu sua projeção de 2016 para entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas, ante estimativa anterior de 376 milhões de toneladas.
A companhia informou que está preparada para os desafios de 2016 causados pela incerteza na demanda e volatilidade nos preços de commodities, apostando em uma rigorosa disciplina de capital, segundo o presidente-executivo da Vale, Murilo Ferreira, que acrescentou que a empresa tratará dividendos de forma prudente.
“Há um claro entendimento de que, em 2016 e 2017, temos de ser muito prudentes sobre a política de dividendos. Estamos construindo uma ponte, a nossa ideia é ir para o Conselho (de Administração) e ter uma discussão clara e aberta”, afirmou Ferreira nesta terça-feira durante o Vale Day, evento realizado pela empresa anualmente em Nova York.
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Samarco – O desastre em Minas Gerais terá um impacto líquido negativo de 443 milhões de dólares no caixa da Vale em 2016, estimou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani. O resultado é composto principalmente por perdas de centenas de milhões de dólares com redução de 9 milhões de toneladas de produção de finos de minério de ferro na mina de Fábrica Nova, na região do desastre.
Além disso, o cálculo leva em consideração perdas com vendas que não serão realizadas à Samarco e perdas de dividendos recebidos da empresa. O presidente da Vale evitou falar em prazos para a conclusão de investigações sobre a causa do colapso da barragem e explicou que levará o tempo que for necessário para a apuração.
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Rating – Nesta terça-feira, a agência de classificação de risco Fitch colocou o rating da Vale “BBB+” em observação negativa, refletindo a maior probabilidade de que a empresa terá que dar apoio à sua subsidiária Samarco, que foi rebaixada para grau especulativo, após o desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Minas Gerais.
“Há um alto grau de incerteza em torno das várias implicações para o perfil de crédito da Vale relacionadas à possibilidade de dar apoio à sua joint venture com a BHP Billiton caso isso seja necessário”, disse a agência em comunicado.
(Com agência Reuters)