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“Uso de nossos recursos é cada vez pior”, diz Scheinkman

Professor de Columbia afirma que baixa produtividade trava economia do país e defende mais competição, investimentos em pesquisa e maior integração à economia global

Por Luís Lima 6 nov 2015, 10h49

A discussão mais frequente na economia brasileira nos últimos meses é a urgência de reequilíbrio das contas públicas, que tem colocado o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em campanha diuturna pela criação de novas fontes de receita (a ressurreição da CPMF é uma das principais propostas) e pelo corte de gastos. Mas há problemas de fundo, que estão presentes há décadas, independentemente de qual seja o tema mais quente da vez. A baixa produtividade da economia brasileira, praticamente estagnada há mais de três décadas, é um dos entraves que impediram o país de crescer de maneira mais expressiva nos últimos anos, segundo José Alexandre Scheinkman, professor de Economia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e um dos economistas brasileiros de maior projeção internacional.

“Nós não só fazemos mal com os recursos que temos como fazemos cada vez pior”, diz. “Se tivéssemos a mesma qualidade de educação e saúde de um trabalhador americano e o mesmo nível de investimento per capita dos Estados Unidos, iríamos produzir menos e faríamos um pior uso desses insumos.” Scheinkman participou nesta sexta-feira do lançamento do site de educação econômica “Por quê?” O evento foi realizado na sede do Insper, em São Paulo.

O baixo nível de investimento em infraestrutura, o sistema de impostos complicado e desequilibrado e um ambiente regulatório difícil são os principais entraves para o avanço da produtividade brasileira, afirma o professor. Para dar uma guinada nesse quadro, Scheinkman defende que, além de correção desses fatores, o Brasil se abra mais à economia global, amplie competição entre as empresas e amplie os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “É um absurdo que se diga que o Brasil está sujeito a continuar a produzindo taxas de entre 20% a 25% por trabalhador por ser um ‘país complexo’. O Brasil pode mais”, diz.

As medidas protecionistas do país têm sido regra. Elas incluem a obrigação de haver conteúdo local em projetos do setor petrolífero, política adotada a partir de 2003, e também desonerações e outros benefícios ao setor automotivo, presentes desde 1953. A “política anticompetição” inclui ainda os fartos empréstimos do BNDES para empresas “eleitas”, que nos últimos anos financiou a criação dos chamados “campeões nacionais”. Sob essa política, empresas brasileiras, como a JBS, se transformaram em gigantes globais – e o efeito colateral foi a quebra de várias outras concorrentes.

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Sobre o tema da vez, Scheinkman concorda com o ministro Levy: será necessário aumentar a arrecadação com mais impostos para tentar reequilibrar as contas públicas até que a economia volte a crescer. “No curto prazo, vamos ter que aumentar impostos para poder melhorar o orçamento, mas nós vamos ter que pensar em voltar a crescer. O crescimento é a única maneira de resolver todos os problemas do país.” O professor é crítico da opção pela recriação da CPMF. Em vez disso, ele vê o aumento da Cide – imposto cobrado sobre os combustíveis – como a alternativa menos ruim.

Por que o ‘Por quê?’? – O Por quê?, plataforma digital que inclui blog, dicionário de conceitos econômicos, podcasts, videoaulas e animações, foi criado sob o lema “economês em bom português”. À frente do projeto estão Carlos Eduardo Gonçalves, professor e doutor em economia pela Universidade de São Paulo, Irineu de Carvalho Filho, doutor em economia pela Massachusetts Institute of Technology, e Mauro Rodrigues, professor de economia na USP.

“Nossa missão é criar uma cultura econômica que auxilie os cidadãos nas tomadas de decisões, tanto em termos pessoais como coletivos, mostrando o que entendimento da economia é fundamental para o exercício responsável da cidadania”, diz a apresentação do projeto.

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