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Uma tarefa árdua

A terceira edição do Ranking de Gestão dos Estados mostra que o Brasil ainda não teve êxito em levar as condições ideais de investimento para além das regiões Sul e Sudeste

Por Ana Clara Costa
24 set 2014, 14h49

O Brasil é um país onde uma fatia desmesurada de poder e recursos se concentra nas mãos do governo federal. Isso obscurece a importância dos estados na criação de instituições fortes – tão cruciais para o desenvolvimento quanto as políticas que emanam do Planalto. Desde 2011, o Centro de Liderança Pública (CLP) e a Unidade de Inteligência da Economist (EIU, na sigla em inglês) vêm lançando luz sobre esse problema, ao produzir o Ranking de Gestão dos Estados. O estudo leva em conta 26 indicadores, que vão desde a infraestrutura até os níveis de criminalidade, passando por fatores como burocracia, corrupção e disponibilidade de mão de obra qualificada. Em sua terceira edição, divulgada na semana passada, ele mostra que a tarefa de tornar mais estados brasileiros atrativos para o investidor – especialmente o estrangeiro – se mantém árdua. Como nos levantamentos anteriores, apenas seis unidades da federação ostentam as condições ideais para quem quer empreender. São Paulo e Rio de Janeiro permanecem na dianteira. Paraná e Santa Catarina se destacaram galgando posições. O Rio Grande do Sul preservou o quarto lugar, ao passo que Minas Gerais oscilou do terceiro para o sexto. “O ranking quer fortalecer o federalismo”, diz o presidente do CLP, Luiz Felipe d’Avila. “Ele ajuda os estados a constatar onde estão as oportunidades e o que precisa ser melhorado. Ou seja, abre um horizonte para que exerçam sua autonomia.”

Embora o ranking não tenha sofrido grande modificação em sua essência, há nuances que devem ser destacadas. A aprovação do Novo Código Florestal, no fim de 2012, foi o fator isolado que mais influiu na medição. A melhora na legislação ambiental que se observou desde então fez com que a pontuação média geral dos estados passasse de 41,5 para 43, na comparação com o ano anterior. Paraná e Santa Catarina mostraram avanço em quase todos os indicadores, daí o seu salto na classificação geral. A melhoria no ambiente econômico – que leva em conta sobretudo a renda per capita, o tamanho do mercado local e os níveis de investimento – foi comum a esses dois estados e apenas a dois outros, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Outra boa notícia veio de Alagoas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima, que tiveram desempenho positivo nos indicadores que medem o ambiente político: reduziram-se os casos de corrupção em órgãos públicos.

Uma tendência detectada pelo estudo foi a queda no crescimento do mercado local em estados nordestinos. Para o britânico Robert Wood, analista da EIU responsável pela pesquisa, há uma constatação clara a ser feita: a política de distribuição de renda que se consolidou com o governo petista tem limites e o Nordeste evidencia isso. “A região é populosa e seu potencial é inegável. Contudo, os avanços dos últimos anos estão muito relacionados ao aumento do salário mínimo e às políticas de transferência de renda que já não podem crescer como antes”, diz ele. Burocracia e segurança foram outros aspectos que puxaram para baixo a média geral brasileira.

O levantamento, que é atualizado anualmente, mostra um Brasil que tenta avançar – mas que ainda precisa enfrentar o desafio das reformas estruturais. Mesmo o Estado de São Paulo, o maior centro de negócios da América Latina, avançado o bastante para atrair investimentos em setores como tecnologia e finanças, poderia dar um salto caso simplificasse o seu sistema tributário. “Há uma lição de casa a ser feita na questão dos impostos. E São Paulo ainda não fez”, diz D’Avila. Às vésperas das eleições, o ranking é leitura obrigatória para os gestores públicos interessados em solucionar os problemas brasileiros – e não apenas em ganhar nas urnas. “Em todos os níveis de governo, melhorar a eficiência da máquina pública e aumentar investimentos deve ser a agenda de quem assumir um cargo em 2015”, diz Wood.

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