Troca de farpas entre executivos revela disputa interna na Volkswagen
Uma declaração do presidente do Conselho da empresa revelou uma briga interna entre as famílias controladoras Porsche e Piëch
Uma entrevista na sexta-feira revelou uma disputa interna por poder na Volkswagen. O presidente do Conselho da montadora, Ferdinand Piëch, disse que estaria mantendo distância do diretor-presidente da companhia, Martin Winterkorn. Ele foi além e colocou dúvidas sobre a permanência de Winterkorn e aventou a possibilidade de tirar o executivo da linha de sucessão quando sair da presidência do conselho, em 2017.
O sócio de Piëch, Wolfgang Porsche, presidente do Conselho da Porsche, holding que detém 50,7% do capital votante da Volkswagen, disse no domingo à revista alemã Der Spiegel que as opiniões expressas por Piëch “são pessoais” e cujo conteúdo e fundamento “não estão de acordo com a família”. Wolfgang Porsche e Ferdinand Piëch são primos e netos dos fundadores da Porsche. São também os que detém o maior poder dentro do Conselho de Administração da montadora. Os Piëchs estão com três assentos no Conselho e os Porsche, dois.
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O caso dividiu os executivos da empresa, de acordo com o Financial Times. Winterkorn recebeu o apoio do chefe do sindicato dos trabalhadores da empresa e do governo da Baixa Saxônia, Bernd Osterloh. Os representantes dos empregadores controlam 20 assentos do Conselho. O estado alemão da Baixa Saxônia, o segundo maior acionista da VW, tem dois assentos.
Assim, diante de uma resistência crescente dentro do Conselho às suas críticas dirigidas ao presidente-executivo, Ferdinand Piëch está isolado. O fato gera uma crise de liderança no momento em que a maior montadora da Europa enfrenta dificuldades para retomar os lucros.
Fontes disseram à agência Reuters, no sábado, que Winterkorn “lutará por seu cargo e se sente encorajarado com o apoio de aliados fortes, disseram fontes da companhia no sábado”. Ele já está na liderança do grupo alemão há oito anos e transformou a Volkswagen de uma empresa com dificuldades e pesados custos trabalhistas em uma das montadoras mais bem-sucedidas do mundo.
(Da redação)