Copom deve reduzir Selic a 9% nesta quarta-feira
Expectativa do mercado é de um corte de 0,75 ponto porcentual da taxa de juros
Na reunião desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve promover o sexta corte consecutivo na taxa básica de juros do país, a Selic. É o que indicam as expectativas do mercado, como as divulgadas nesta segunda-feira pelo BC em sua pesquisa semanal Focus. Atualmente em 9,75% ao ano, a taxa deve ser reduzida a 9% – patamar muito próximo à mínima histórica, de 8,75%.
O novo corte foi sinalizado pelo próprio Copom em sua ata divulgada em março. “O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando”, dizia o documento. Na ata, o Copom reforça a avaliação de que o aumento na oferta de poupança externa e a redução no seu custo de captação têm contribuído para a queda das taxas de juros domésticas, inclusive da taxa neutra. Para o BC, esses desenvolvimentos são de caráter permanente. A menor taxa de juros da história do país foi registrada entre julho de 2009 e abril de 2010, na primeira etapa da crise financeira internacional. A sinalização de uma redução em 0,75 ponto porcentual também foi apontada em recentes entrevistas pelo presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini.
A diminuição dos juros básicos vai ao encontro da grande preocupação do governo: estimular a economia e garantir um crescimento na casa de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Em 2011, a economia brasileira cresceu apenas 2,7%, puxado por um mau desempenho da indústria. Para tanto, a equipe da presidente Dilma Rousseff anunciou medidas para acelerar o crescimento da atividade, sobretudo na indústria.
Inflação – Indicadores divulgados nas últimas semanas têm mostrado uma aceleração da inflação, como, por exemplo, a segunda prévia do IGP-M divulgado nesta quarta-feira. O governo, contudo, conta com uma diminuição das pressões inflacionárias para que o BC possa prosseguir com o atual ciclo de redução dos juros. A meta oficial de inflação é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor-Amplo (IPCA).
Fim do ciclo? – Há no mercado algumas vozes a apontar a possibilidade de a trajetória de queda dos juros não acabar em abril. Ao menos, o BC não deve apontar na decisão desta quarta-feira o fim do ciclo, deixando isso para as próximas decisões condicionadas a novos dados. Este é posicionamento do Bradesco, conforme relatório divulgado a clientes. “Depois de adotar uma sinalização bastante explícita desde o início do ano, acreditamos que o Copom retornará para uma postura mais tradicional de condicionar suas próximas decisões à evolução do cenário de atividade e inflação”, diz o banco. Em outras palavras, ainda que sem se comprometer com os próximos passos, o BC manterá a possibilidade de que, caso o cenário requeira, haja continuidade do processo de ajuste da política monetária.
(com Reuters)