S&P diz que superávit abaixo de 2% deixa Brasil mais frágil
Presidente da agência no Brasil diz que a possibilidade de haver rebaixamento da nota do Brasil é de um para três
Um superávit abaixo de 2% do PIB provavelmente fará com que a dinâmica da dívida e a necessidade de financiamento deixem o Brasil mais frágil. A avaliação é da presidente da Standard & Poor’s (S&P) no Brasil, Regina Nunes. Segundo ela, a política fiscal é o principal ponto fraco da economia brasileira, trazendo a questão macroeconômica de volta ao debate no país.
A alteração da perspectiva da nota do Brasil, de estável para negativa, decidida em junho pela agência, segundo Regina, ocorreu “única e exclusivamente pelo comportamento fiscal”. Ela descartou a possibilidade de a S&P levar em conta as eleições de 2014 em suas novas decisões (de mudança da nota) “Se tiver que haver uma queda, ela vai ocorrer a qualquer momento”, afirmou Regina.
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Em apenas uma ocasião, durante a campanha eleitoral de 2002, uma alteração da nota de risco do Brasil para perspectiva negativa deixou de levar a um rebaixamento do rating na S&P. Além disso, rebaixamentos de nota após perspectivas negativas são mais frequentes e rápidos do que elevações quando a perspectiva é positiva. Segundo Regina, a possibilidade de haver rebaixamento é de “um para três”. “A revisão com perspectiva positiva leva mais tempo para ocorrer.”
Em junho, a S&P alterou a nota do Brasil para perspectiva negativa, ainda que mantendo o nível de BBB. Segundo Regina, é a primeira vez que a S&P tem a pior nota para o Brasil entre as três agências globais de risco.
Superávit primário – O superávit primário é a economia feita pelo país para o pagamento de juros da dívida pública. A situação fiscal do país vem levantando preocupações tanto do governo quanto do mercado, principalmente diante da possibilidade do rebaixamento da nota de crédito do país, que espantaria investidores. Em outubro, por exemplo, o país registrou um superávit de 6,188 bilhões de reais, o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 2001. O dado dá sinais de que a meta do primário do governo, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente será alcançada. O resultado em doze meses até outubro é equivalente a 1,44% do PIB.
(com Estadão Conteúdo)