Setor privado da zona do euro volta a declinar em fevereiro
Puxado pelo mau desempenho de Itália e Espanha, setor de serviços europeu registra nova contração e reforça perspectiva de recessão
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira mostrou que uma forte desaceleração em empresas italianas e espanholas, sobretudo prestadoras de serviços, levou o setor privado da zona do euro a registrar novo declínio, algo que já havia acontecido no mês passado. O anúncio frusta esperanças de que a região possa evitar outra recessão.
A Alemanha, a economia mais saudável da região, continuou a se expandir, mas em um ritmo mais lento, enquanto a atividade econômica na França ficou estável, apesar de uma melhora das perspectivas para os próximos meses.
O PMI Composto da zona do euro – elaborado pelo Instituto Markit e que mede a atividade de empresas manufatureiras e de serviços da região – caiu para 49,3 pontos em fevereiro, abaixo da leitura preliminar de 49,7 pontos e do dado de janeiro, de 50,4 pontos. Um resultado abaixo de 50 pontos denota uma contração na atividade, o que significa que o setor privado ficou preso em um modesto declínio em cinco dos últimos seis meses.
“Nesse estágio, nossa melhor estimativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) da região vai se contrair 0,1% nos primeiros três meses do ano”, disse o economista-chefe do Markit, Chris Williamson.
Uma pesquisa da Reuters, no mês passado, com economistas previu que a economia da zona do euro vai encolher 0,2% no atual trimestre, levando o bloco à sua segunda recessão em três anos. Define-se recessão a partir de dois trimestres consecutivos de crescimento negativo.
Espanha e Itália – “A fraqueza persistente em países como a Itália e a Espanha também reprime qualquer crescimento em outros países da zona do euro, que tradicionalmente depende de negócios dentro da região, pressionando a recuperação na Alemanha, França e em outras nações do norte da zona do euro”, disse Williamson.
O setor de serviços da Espanha deteriorou-se significativamente no mês passado, de acordo com os dados do PMI divulgados nesta segunda-feira, enquanto as empresas do ramo da Itália entraram no nono mês seguido de declínio, com esperanças escassas de retorno do crescimento em breve.
O PMI do setor de serviços – que representa a maior parte da economia privada da zona do euro – também caiu abaixo da marca de 50 em fevereiro, para 48,8, após atingir 50,4 em janeiro. “A renovada contração do setor de serviços em fevereiro é uma grande decepção, e a fraqueza do setor arrisca levar a zona do euro de volta à recessão”, afirmou Williamson.
Desemprego – O desemprego da zona do euro subiu para 10,7% em janeiro. O componente de empregos da pesquisa do PMI sugeriu que o mercado de trabalho não vai melhorar logo, ao mostrar que o indicador caiu de 49,4 em janeiro para 49,1 no mês passado – a pior leitura desde março de 2010. “O fato de o emprego cair novamente em fevereiro nos lembra quão desconfortáveis as empresas estão com as perspectivas empresariais, com a criação de empregos caindo até mesmo na Alemanha”, disse Williamson.
(Com agência Reuters)