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Saca de café, símbolo das exportações brasileiras, começa a ser aposentada

Embalagem de juta, que dominou as vendas do grão para o exterior por dois séculos, vai responder por menos da metade dos embarques do produto em 2016

Por Da Redação
21 dez 2015, 13h57

O saco de juta, embalagem-símbolo das exportações de café – e do próprio comércio exterior – do Brasil por longa data, está sendo gradualmente aposentado. A mudança acompanha um cenário de crescente aumento de custos de produção e comercialização, combinado com a baixa do preço do grão no mercado internacional.

Ao introduzir enormes sacos plásticos para substituir as tradicionais sacas de 60 quilos, que dominaram os embarques de café por mais de dois séculos, as empresas estão economizando milhões de dólares por ano. A estratégia tem sido tão bem-sucedida que deve remodelar a indústria cafeeira mundial.

Até poucos anos atrás, o Brasil, maior produtor mundial de café, despachava quase todas as suas exportações em sacos de juta. O próximo ano verá o Brasil exportando mais de metade do seu café verde em grande sacos de polipropileno de 1 tonelada ou invólucros de polietileno de 21,6 toneladas para contêineres.

A Dínamo, maior armazenadora de café no porto de Santos, afirmou que os super sacos responderam por 30% das suas exportações em 2015 e estão crescendo 5% ao ano. A Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, por sua vez, praticamente eliminou a juta.

“É o futuro”, disse o operador Mauricio Di Cunto, da exportadora Comexim, que embarca metade do seu café a granel. “Ele nos permite ser mais agressivos na oferta de descontos sem o custo de juta.”

O saco de juta de 60 quilos é uma unidade padrão de medição para a negociação de café desde que o Brasil iniciou a produção comercial, no século XVIII. Os grãos e o açúcar há muito tempo passaram a ser embarcados em grandes quantidades, mas o café foi um retardatário nesse processo.

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O crescimento na movimentação de granéis reflete uma queda na oferta de trabalho manual para embarcar os sacos de café. Salários mais altos e regulamentos mais rigorosos, que expõem indústrias a processos trabalhistas, estão acelerando o declínio.

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Menos custos trabalhistas – O cálculo é convincente: Um trabalhador com uma empilhadeira pode encher um contêiner com super sacos em 25 minutos. Para encher o mesmo contêiner com sacas de juta são necessários nove homens e quase uma hora. Carregar um contêiner plastificado é ainda mais rápido, com os grãos sendo apenas despejados para dentro e para fora.

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Custa de 22 a 40 centavos cada vez que um trabalhador coloca um saco de 60 quilo para encher um contêiner ou pesá-lo. O Brasil produz entre 50 milhões e 60 milhões de sacas de café por ano.

Nas ruas de Santos, um porto que fez fama com o boom do café do Brasil, uma pequena equipe de carregadores se reúne de manhã na entrada da Dínamo. “Estávamos habituados a ter 59 carregadores”, diz o líder sindical e ex-carregador Carlos Roberto Lima. “Agora, temos nove.”

A mudança para o tratamento de grandes quantidades de café está ocorrendo com os preços globais das matérias-primas caindo, com o crescimento mais lento da demanda em mercados emergentes como a China. O preço do café, a sexta principal commodity de exportação do Brasil, caiu mais de 60% em relação aos picos de 2011, para cerca de 1,18 dólar por libra-peso.

(Com Reuters)

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