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Protecionismo brasileiro preocupa América Latina

Prática é o pior inimigo para as economias da região, segundo diretor do FMI

Por Da Redação
20 mar 2012, 11h28

Os países latino-americanos mais comprometidos com o livre comércio estão disparando o alarme com os sinais de protecionismo às suas portas. A Argentina e, mais recentemente, o Brasil, adotaram medidas para diminuir as importações e fortalecer sua indústria, em face da valorização das moedas locais e dos elevados custos tributários e trabalhistas. “Os maiores países da América Latina têm de entender que precisam de todos nós, porque neste mundo eles sozinhos não são nada”, disse o presidente do Uruguai, José Mujica, durante uma reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na segunda-feira.

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Patrícia Espinosa, chanceler do México – país com o qual o Brasil travou uma recente disputa sobre quotas de importação de veículos -, disse que a região deve responder à desaceleração econômica global fortalecendo seus vínculos comerciais, ao invés de restringi-los.

Conversas nos corredores da reunião do BID focavam no excesso de dinheiro com origem nos bancos centrais das economias ricas, e em como ele está fluindo na direção dos lucrativos mercados latino-americanos. Isso está puxando para cima o valor das moedas locais, prejudicando a competitividade e deixando alguns países tentados a adotarem medidas para diminuir as importações.

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Pesquisas mostram, no entanto, que derrubar barreiras comerciais estimula o crescimento no longo prazo – algo de que a região precisa desesperadamente. O BID e o FMI projetam uma expansão de 3,6% ou 3,7% na economia latino-americana para este ano, bem aquém dos 6,1% registrados em 2010. “O protecionismo pode ser uma boa forma de evitar o trabalho sujo no curto prazo, mas, para a nossa região (…), é simplesmente o pior inimigo que temos”, disse Nicolas Eyzaguirre, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.

O BID estima que o comércio exterior represente 39 por cento do PIB da região, bem abaixo dos 70 por cento alcançados nos países em desenvolvimento do Leste da Ásia e Pacífico. Cifras da Organização Mundial do Comércio indicam que as exportações das Américas do Sul e Central compuseram apenas 4 por cento de todo o comércio internacional em 2010.

Brasil – O Brasil tem enfrentado uma forte apreciação do real, que atingiu máxima de 12 anos no ano passado. Uma série de medidas adotadas pelo país para proteger a indústria local pode afetar as importações dos vizinhos latino-americanos, que triplicaram desde 2005 para 36,7 bilhões de dólares.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior examina um pedido dos fabricantes de vinhos por proteção contra a concorrência estrangeira, especialmente na ponta inferior do espectro de preços, com o Chile correndo o risco de ser o país mais afetado.

Justificando sua posição, o Brasil argumenta que está tentando criar defesas contra a excessiva valorização do real e contra a relutância da China em permitir maior valorização do iuan. “O país está se protegendo contra práticas comerciais injustas”, disse o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

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A China, principal parceiro comercial do Brasil, compete com a América Latina para vender aos consumidores na América do Norte, que continua sendo o principal mercado externo da região. Os Estados Unidos recebem agora tantas importações da China quanto da América Latina.

A força da China tem sido sentida também nos mercados domésticos. No ano passado, o Brasil importou cerca de 33 milhões de dólares de produtos chineses, quatro vezes mais do que em 2006.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) alertou que se medidas protecionistas tornarem-se enraizadas, elas podem ter um impacto sobre os ratings de crédito soberano. Muitos países, como Brasil, Colômbia e Peru apenas recentemente têm conseguido os desejados ratings de grau de investimento, que ajudam a reduzir os custos dos empréstimos. “Se essas medidas são apenas uma resposta de curto prazo a um ambiente extraordinário, então elas não terão implicações severas para os ratings”, disse o diretor de ratings da S&P, Sebastian Briozzo. “Se virarem algo mais permanente, no médio prazo, acho que elas podem.”

(Com agência Reuters)

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