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Problema com o Brasil evidencia tensão no FMI, diz FT

Segundo a publicação, há uma insatisfação generalizada em relação ao pacote de resgate grego

Por Da Redação
8 ago 2013, 18h06

O ruído de comunicação entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI), causado pela abstenção de voto do diretor brasileiro do Fundo, Paulo Nogueira Batista, evidencia um possível racha entre os chefes do organismo internacional no que se refere ao pacote de resgate grego. Segundo o jornal britânico Financial Times, o episódio envolvendo o Brasil promoveu faíscas nas discussões sobre Atenas.

Alguns especialistas ouvidos pelo jornal acreditam que a situação colocou em evidência discordâncias que já existem há muito tempo. “Acredito que há uma ampla insatisfação com o programa grego em todos os lugares, menos na Europa”, afirmou ao FT o economista José Antonio Ocampo, professor da Universidade de Columbia. “Talvez os comentários de Batista não tenham sido bem formulados politicamente. Mas ele disse a verdade”, afirmou o acadêmico, que também já foi candidato a presidir o Banco Mundial.

Já Douglas Rediker, antigo representante dos Estados Unidos na diretoria do Fundo, afirmou que não se trata de uma oposição repentina da América Latina. Segundo ele, a oposição hoje não está maior do que estava antes, quando o programa grego foi desenhado.

Outra fonte ouvida pelo FT, Tony Fratto, ex-funcionário do Tesouro americano, afirmou que, no FMI, não há qualquer senso de certeza em relação à forma como o pacote grego vem sendo implementado. Ele ainda acrescentou que “há muitos sentimentos feridos sobre a forma como o Fundo vem conduzindo o resgate europeu comparado ao que foi no passado, quando os países emergentes precisaram recorrer aos mesmos recursos”.

O FT ouviu fontes do FMI que afirmaram que o peso de Nogueira nas decisões é praticamente zero. A reportagem ouviu relatos de fontes que não quiseram se identificar e que afirmavam que o diretor brasileiro sempre manteve um posicionamento crítico em relação ao Fundo, fato que sempre irritou muitos diretores e que faz com que, hoje, Nogueira seja “meramente tolerado” no seio do organismo.

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Ruído – Na semana passada, Batista se absteve de votar na liberação de 1,7 bilhão de dólares para a Grécia. Depois, afirmou que sua decisão foi pautada nos riscos de calote mostrados pelo país. A atitude de Nogueira foi amplamente repercutida e entendida como um posicionamento do governo brasileiro em relação à Grécia. O uso de um comunicado público que destacava a frustração das economias emergentes com a política de resgate a países europeus endividados adotada pelo FMI foi considerado incomum para os padrões adotados pelos diretores do Fundo.

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Depois da repercussão negativa do comunicado, Batista divulgou, na quarta-feira da semana passada, uma nota para esclarecer que suas avaliações sobre a decisão do Fundo em relação à Grécia representavam uma visão pessoal e não refletiam o posicionamento dos onze países por ele representados na diretoria executiva do FMI.

O ministro Guido Mantega se viu forçado a intervir e chegou a ligar para a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, afirmando que o Brasil apoiava o plano de resgate grego. Mantega criticou o comunicado de Batista, afirmando não se tratar de um posicionamento discutido com o Brasil.

Na noite de quarta-feira, o ministro divulgou um comunicado afirmando que recebeu o diretor do FMI em Brasília e que “ambos avaliaram que os programas de resgate à Grécia e outros países da periferia da área do euro precisam ser revistos e aperfeiçoados de modo a dar melhores condições de recuperação a esses países”, informou o comunicado.

A Fazenda afirmou que Nogueira Batista tem sido “diligente, atuado em sintonia com o governo brasileiro, contando com respaldo político do ministro da Fazenda para exercer, e continuar exercendo, o cargo”.

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