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Pivô do caso Lagarde é indiciado por fraude e formação de quadrilha

Bernard Tapie é acusado por polêmica arbitragem judicial de seu litígio com o banco Crédit Lyonnais que envolve a atual presidente do FMI

Por Da Redação
28 jun 2013, 17h35

O empresário francês Bernard Tapie foi indiciado por fraude e formação de quadrilha no caso da polêmica arbitragem judicial de seu litígio com o banco Crédit Lyonnais, pelo qual recebeu mais de 400 milhões de euros do estado, um caso que afeta a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Tapie é o quarto indiciado do caso que teve início em 2008 e envolve a atual diretora do FMI, considerada “testemunha assistida” (status intermediário entre o de testemunha e o de acusado), e que, na época, era ministra da Economia do então presidente conservador Nicolas Sarkozy.

O advogado Hervé Temine afirmou que as acusações contra seu cliente não têm fundamento e nenhuma ramificação política. Tapie “acaba de ser acusado de fraude” e formação de quadrilha, mas “eu afirmo que o arquivo está vazio de elementos que possam demonstrar que a sentença arbitral é fruto de uma fraude, de um plano”, declarou após o fim dos interrogatórios em Paris, realizados sob o regime de detenção. “Os elementos que reprovam Tapie estão fora da esfera política”, acrescentou.

A justiça investiga a arbitragem privada que pôs fim à divergência de Tapie com o Crédit Lyonnais, um banco estatal, pela venda da empresa de material esportivo Adidas. A decisão permitiu que ele recebesse 403 milhões de euros de indenização às custas do estado. Temime informou que Tapie foi liberado do controle judicial e que falará sobre sua situação à noite. “Foi descansar longe de Paris”, disse.

Tapie, de 70 anos, sofre assim um revés em uma carreira em que fama, poder e fortuna se alternaram com escândalos, condenações e prisão. Os juízes de instrução suspeitam que a arbitragem foi fraudada em seu benefício e investigam quem tomou a decisão de recorrer a esse procedimento, ao invés de ativar a justiça comum. Também querem saber a relação que existia entre o empresário, a presidência francesa e o Ministério da Economia, assim como os vínculos de Tapie com os juízes-árbitros.

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Paralelamente, o Consórcio de Realização (CDR), organismo sob a tutela do Estado encarregado de administrar o passivo do Crédit Lyonnais, apresentou nesta sexta-feira no tribunal de apelação de Paris um recurso contra a arbitragem. O CDR, cujo ex-presidente Jean-François Rocchi é indiciado na causa, informou em um comunicado que apresentava esse recurso porque as investigações “revelaram a existência de indícios graves e coincidentes que permitem considerar que a arbitragem estava manchada pela fraude”.

Stéphane Richard, atual presidente do grupo de telecomunicações Orange e na época diretor do gabinete da ministra da Economia Lagarde, assim como o juiz-árbitro Pierre Estoup, são também acusados de fraude e formação de quadrilha.

Outro advogado de Tapie, Maurice Lantourne, que se encontra em prisão preventiva, também pode ter que se apresentar aos juízes. Os investigadores o consideram suspeito por causa de seus vínculos profissionais com o juiz-árbitro Estoup. Em sua primeira detenção preventiva para interrogatório, em maio, Lantourne foi interrogado sobre as condições de nomeação dos juízes-árbitros. Segundo suas declarações, foi uma eleição colegiada, mas contrariamente ao habitual (um árbitro escolhido por cada parte e o terceiro pelos dois primeiros), os advogados nomearam conjuntamente os três.

Segundo Gilles August, advogado do CDR na época da arbitragem, Lantourne propôs o nome de Pierre Estoup. “Nada permite afirmar que Tapie tinha direta ou indiretamente vínculos com (Pierre) Estoup suscetíveis de questionar sua imparcialidade”, afirmou Tamine.

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(com AFP)

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