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Pequenos sim, acomodados nunca

Num mercado com 180 bancos, os pequenos são maioria. Com flexibilidade e proximidade do cliente, o dinâmico mercado das pequenas instituições financeiras luta para ganhar espaço

Por Carolina Guerra
14 ago 2011, 16h18

O mundo dos banqueiros já não é mais o mesmo. Em tempos de conglomerados financeiros bilionários, busca incessante por governança corporativa e contratação de presidentes por meio de empresas de headhunting, a atividade de fundar, expandir e operar um banco tem perdido muito de seu charme. Abrir uma instituição bancária tem se tornado, ao longo dos anos, uma necessidade financeira de grandes grupos de empresas. Contudo, alguns banqueiros pequenos ainda conseguem – mesmo que sem saber – manter viva a mística em torno da figura inatingível daquele que é o dono do dinheiro.

Não se trata de fazer apologia de figuras escandalosas, como Edemar Cid Ferreira – ex-dono do falido Banco Santos – que representava com maestria seu papel de banqueiro excêntrico, colecionador de obras de arte e relações suspeitas; ou de outros tantos banqueiros brasileiros que fizeram sumir em algum desvão que só eles conheciam as economias de correntistas e empresas do país. Esses merecem o esquecimento. No entanto, escondidos em escritórios na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, dezenas de pequenos negociadores do dinheiro alheio operam seus bancos discretamente, tal como Giovanni de’ Médici fazia em Florença antes de criar, por meio de negócios de câmbio, a maior fortuna da Europa, no período da Renascença.

No Brasil, há quem diga que ter um banco – pequeno, médio ou grande – é um dos melhores negócios que existem. Afinal, são desconhecidas as histórias de banqueiros que tenham terminado seus dias sem nenhum tostão furado. Nem mesmo Edemar Cid Ferreira. O negócio é tão lucrativo porque o país segue firme na lista dos que possuem as maiores taxas de juros do planeta, de 12,5% ao ano. Para o cliente pessoa física, no entanto, é cobrado, em média, quase dez vezes esse valor: 121% ao ano. Já as empresas pagam 61% anualmente – um carga também pesada para quem precisa tocar os negócios. A diferença entre os custos de captação e os juros das linhas de crédito ao tomador final (spread bancário) dá uma ideia do quanto se pode ganhar com essa atividade.

Se fosse na época dos Médici, tamanho vulto na cobrança de juros seria um escândalo (e um pecado). A Igreja Católica não permitia que os bancos cobrassem juros dos fiéis – o que deixava aos banqueiros judeus todo um mercado de crédito a ser explorado. Hoje, o cenário é bem diferente. Da lista da revista Forbes de 2011, que divulga as fortunas das pessoas mais ricas do mundo, 13 dos 30 integrantes brasileiros têm negócios relacionados ao setor bancário. Obviamente, não é fácil entrar e se estabelecer neste segmento.

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O mundo dos pequenos – Segundo dados da Associação Brasileira de Bancos, o Brasil conta atualmente com 180 instituições bancárias e é um mercado altamente competitivo. A maior fatia do bolo, porém, está na mão dos grandes. Em um universo de 12 mil agências bancárias, por exemplo, 95% pertencem às sete maiores instituições financeiras. Os gigantes são conhecidos: Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, presentes em todos os segmentos desta indústria. Mas onde estão os pequenos? Quem são os banqueiros que se estabelecem no mercado no estilo de ‘ataque pelas beiradas’?

O elevado fôlego financeiro e a inegável competência dos grandes bancos brasileiros tornam difícil a competição nas áreas que dominam, como o varejo bancário. Desta maneira, a estratégia encontrada pelos menores é atender nichos, mirando, por exemplo, clientes que possuem necessidades especiais de crédito. Grande parte se especializa em middle market, ou seja, o atendimento a empresas de pequeno e médio porte. “Por serem menores, estes bancos têm flexibilidade e oferecem um relacionamento mais próximo com os clientes”, disse Jayme Alves, economista sênior da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Por conta desta proximidade, o universo dos pequenos banqueiros distancia-se, na maioria dos casos, da visão estereotipada de uma vida glamourosa regada a champanhe, festas e viagens a lazer. “O banco hoje tem um papel social muito importante. Tem de prezar pela cultura de um mercado equilibrado”, afirma Renato Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (Abbc) e do Banco Cacique – do qual já foi dono, antes de vendê-lo ao francês Société Generale, em 2007. “Agora mesmo, é quinta-feira de manhã e eu estou de tênis e camiseta, pois vou visitar uma ONG que ajudamos”, contou Oliva.

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A reportagem de VEJA analisou alguns desses bancos de pequeno e médio porte. Apesar do alerta dos especialistas de que, em caso de nova crise global, eles poderiam sofrer novamente, os profissionais à frente destas instituições garantem que estão preparados. Afinal, o que vale mesmo é conseguir novos clientes. “A crise não deve trazer muita novidade, já que os problemas apresentados, como a dívida dos Estados Unidos ou a situação fiscal da Europa, não são novos”, disse Fernando Fontes, sócio do Banco Petra.

O conceito de banco pequeno é subjetivo. Não há no Banco Central uma norma que classifique o tamanho de uma instituição entre pequena, média e grande. A métrica mais utilizada é seu volume de ativos. Assim, em um universo de 130 instituições financeiras (já excluídas as 50 maiores), o site de VEJA escolheu contar quatro histórias de banqueiros que administram ativos de até 2,3 bilhões de reais. Vale ressaltar que, de acordo com essa métrica, metade dos 130 bancos considerados pequenos pertence a empresas ou montadoras de veículos.

Conheça os banqueiros pequenos, mas que querem ser grandes:

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