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Para Graça Foster, não é correto considerar baixa contábil de R$ 88 bi

O montando refere-se a 31 ativos investigados pela Operação Lava Jato que valem hoje menos do que o número que consta no balanço

Por Naiara Infante Bertão
28 jan 2015, 11h05

As ações da Petrobras despencam neste início de pregão de quarta-feira, refletindo a divulgação de resultados da companhia sem as perdas contábeis esperadas pelo mercado. Para alguns especialistas, a Petrobras até agiu certo em esperar para divulgar o rombo contábil dos ativos envolvidos na Operação Lava Jato, mas outros tantos vêem a postura como “irresponsável” por causa da gravidade da situação.

Como divulgado pela coluna VEJA Mercados, do site de VEJA, em seu balanço a empresa constatou que 31 dos 52 empreendimentos em construção ou em operação investigados no âmbito da Lava Jato estão superavaliados contabilmente. Isso quer dizer que o valor total desses ativos hoje (valor justo) deveria ser 88,6 bilhões de reais menor do que o valor contábil (que consta em seu imobilizado).

Essa diminuição contábil, porém, de acordo com a presidente da Petrobras, Graça Foster, não deve ser usada para balizar as baixas contábeis que o esquema de corrupção escancarado no ano passado exige.

Segundo Graça, a companhia decidiu não considerar os R$ 88,6 bilhões como perda contábil proveniente da corrupção porque não há provas de que esse valor, integralente, tenha relação direta com pagamentos indevidos”. Ou seja, podem estar nessa conta ativos que não são objetos de corrupção.

A Petrobras também divulgou que, dos 52 ativos avaliados, 21 estão com valor contábil menor do que o justo, somando 27,2 bilhões de reais.

Para Flávio Conde, analista da Gradual Investimentos, a decisão da não publicar agora as baixas contábeis é acertada. Em sua opinião, ainda falta clareza sobre o que deve ser considerado porque as investigações ainda estão em curso. “Acho que foi bom não criar expectativas porque, se ela tivesse divulgado, certamente ocorreriam reajustes posteriores e isso poderia trazer ainda mais insegurança ao mercado”, comenta Conde.

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A Petrobras não comunicou oficialmente que divulgaria neste balanço as perdas contábeis decorrente das investigações da Lava Jato, mas notícias já falavam sobre perdas de até 20 bilhões de reais que poderiam ser publicadas junto com os resultados.

Em entrevista ao site de VEJA, um advogado do setor de óleo e gás que não quis se identificar disse que o fato de o balanço não ter passado pelo crivo de uma auditoria externa já pode levantar dúvidas sobre os números. “Esse é um indício de que (a Petrobras) não está seguindo os princípios contábeis necessários, o que deixa certa insegurança aos investidores”, diz.

Para Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora, a divulgação sem aval da auditoria e sem as baixas contábeis “é ruim não apenas para os acionistas, mas também para a imagem do Brasil frente aos investidores internacionais”.

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Nas Notas Explicativas, em seu balanço, a empresa já explicava que a comparação do valor justo com o valor contábil não permite especificar o impacto de todas as variações que seriam necessárias, como econômicas e financeiras (câmbio, desconto, indicadores de risco e custo do capital), projeções de preços e margens de insumos e equipamentos, cláusulas contratuais inadequadas, atrasos e ineficiência de obras, entre outras.

“Sendo assim, a Petrobras concluiu que esta avaliação dos ativos a Valor Justo não se presta para fornecer estimativa para efetuar os ajustes contábeis decorrentes especificamente de qualquer das variáveis anteriores, incluindo fraude e corrupção no âmbito da ‘Operação Lava Jato’ e, portanto, decidiu não utilizá-la para proceder estes ajustes.”

A partir dessa conclusão, a empresa afirma que vai estudar outra metodologia “que tome por base valores, prazos e informações contidos nos depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores, como a (CVM e SEC, órgãos reguladores do mercado de capitais do Brasil e dos EUA), visando a emissão das demonstrações contábeis revisadas”.

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