Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Para evitar panes, térmicas cortam produção

Usinas estão há praticamente dois anos trabalhando além do planejado para poupar reservatórios de hidrelétricas

Por Da Redação
23 out 2014, 11h00

O acionamento constante das termelétricas para garantir a oferta de energia e preservar minimamente os reservatórios das hidrelétricas está levando essas usinas à exaustão operacional. Para evitar panes, os processos de manutenção e de troca de peças, que só aconteceriam daqui a sete a oito anos, estão sendo adiantados. O medo é que elas simplesmente parem de funcionar por exaustão.

Na última segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por gerenciar a rotina diária de oferta de energia, precisou abrir mão de 5.636 megawatts (MW) de um total de 22,1 mil MW de energia térmica que deveria ter disponível para distribuir em todo o país.

Esse corte diário de 25% da oferta da geração térmica, média que tem se repetido nos últimos 18 meses, equivale a toda a energia a ser entregue pelas hidrelétricas de Jirau (2.184 MW), Santo Antônio (2.424 MW) e Teles Pires (915 MW). Trata-se de um volume de energia suficiente para abastecer diariamente 23,7 milhões de residências, ou cerca de 90 milhões de pessoas, quase metade da população brasileira.

Limitações – A causa das paralisações está diretamente ligada às limitações técnicas dessas usinas, que não foram projetadas para entregar o volume de energia demandado, afirmam especialistas e empresários do setor.

Essas restrições operacionais se baseiam no modelo de contratação de energia feito pelo governo. Até 2012, as térmicas – principalmente aquelas movidas a óleo – só entravam em operação em situações emergenciais para cobrir, por exemplo, a paralisação de grandes hidrelétricas ou para preservar os reservatórios de água. Ou seja, apenas em períodos curtos. Contudo, nos últimos dois anos, elas quase não pararam de trabalhar.

Os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, principal do país, devem fechar outubro com o menor nível dos últimos 14 anos: 19%. Nesse ritmo, até meados de novembro, o volume médio de água armazenado nas represas alcançará 16% – número considerado bastante baixo na avaliação de especialistas e técnicos do setor. Quanto menor o nível dos reservatórios, menor o rendimento da usina, que gasta mais água para produzir a mesma quantidade de energia elétrica.

Continua após a publicidade

Leia mais:

Tarifa de luz já subiu 17,63% e pode ficar maior até fim do ano

Governo marca leilão de fontes alternativas para abril

A termelétrica Suape II, em Pernambuco, por exemplo, teve de trabalhar 70% do tempo do ano passado e neste ano. Segundo seu diretor financeiro, Gustavo Dolabella, ela foi concebida para operar entre 8% e 10% do ano. O trabalho redobrado não é garantia de mais ganhos financeiros. Pelo modelo de contratação, os proprietários das usinas são remunerados mesmo quando elas estão paralisadas, mas se comprometem a garantir o abastecimento imediato de energia, sempre que necessário.

Com o uso intensivo das turbinas, os custos com combustível aumentam muito, assim como outros gastos operacionais para manter a estrutura em funcionamento. Por isso, dizem os especialistas, muitas térmicas chegam a correr o risco de fechar o ano com saldo negativo, apesar de trabalhar a plena carga.

Continua após a publicidade

O setor está tentando expor a situação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas, por enquanto, o órgão diz não ter conhecimento dos problemas enfrentados pelas usinas. O Ministério de Minas e Energia e o ONS não comentaram a questão.

Leia ainda: Preço de energia dispara no mercado de curto prazo

ONS reduz estimativas de chuva e eleva previsão de consumo de energia

Participação – Atualmente, a geração térmica tem respondido por 25% do consumo de energia do Brasil. Para dar a dimensão do que isso significa, em outubro de 2011, quando não havia sinais evidentes da crise hídrica, a participação das térmicas na geração total estava na casa dos 9%. Esse índice saltou para 22% em outubro de 2012, chegando a 20% um ano atrás.

Dada a situação absolutamente crítica dos principais reservatórios hidrelétricos, não há sinais de que a geração térmica será aliviada nos próximos meses, mesmo com a chegada do período chuvoso na maior parte do país. Dos 23 maiores reservatórios do país, dez já registravam na quarta-feira um volume acumulado de água de inferior a 20% de sua capacidade total. E essa lista tende a aumentar nas próximas semanas.

Continua após a publicidade

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.