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Para analistas, manutenção de juros não enfraqueceu Tombini

Declarações pouco habituais do presidente do BC um dia antes da decisão sobre os juros confundiram o mercado, mas seu status no governo se encorpou

Por Da Redação
22 jan 2016, 10h56

O ruído causado pela guinada na comunicação do Banco Central horas antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu pela manutenção da taxa de juros arranhou a credibilidade da instituição, mas não deve se traduzir em enfraquecimento do presidente Alexandre Tombini no cargo, nem levar a divisões irreparáveis na diretoria do BC, segundo analistas.

A comunicação nada comum de Tombini – na terça-feira pela manhã, ele soltou uma carta dizendo que a forte deterioração das previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em relação à economia brasileira seria levada em conta pelo Copom – foi mal recebida e encarada como resultado de interferência externa na instituição. Até aquele momento, a aposta do mercado era de que o BC subiria os juros em 0,5 ponto porcentual.

O próprio governo reconhece que foi errado o timing da nota de Tombini, que causou confusão no mercado, alimentando suspeitas sobre a falta de autonomia do BC. Mas, ao mesmo tempo, fontes do Planalto lembram que já havia uma corrente de economistas defendendo a manutenção da atual taxa de juros ou uma pequena elevação, porque uma nova alta significativa contribuiria para segurar a atividade econômica do país, que já está muito fria.

Além disso, as divergências entre os diretores do Banco Central também já eram conhecidas – dois dos oito diretores votaram pela alta dos juros -, assim como a previsão de retração da economia anunciada no relatório do FMI. Só que a carta de Tombini, naquele momento, “acabou por dar um sinal errado de que atenderia às pressões políticas, em um momento em já havia uma decisão técnica cristalina de manutenção das taxas de juros, deixando o mercado confuso”, disse uma fonte do Planalto.

Essa irritação do mercado ficou patente. Em relatório enviado a clientes, a MCM Consultores avalia que “o cavalo de pau na comunicação foi tão abrupto que não há como descartar conjecturas pouco abonadoras, como, por exemplo, uma intervenção de última hora da comandante em chefe” – uma referência explícita à presidente Dilma Rousseff.

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Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, considera que o comentário de Tombini na terça-feira, horas antes de a reunião do Copom começar, foi “a cereja de um bolo que vinha sendo montado”.

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A deterioração da imagem do banqueiro central no mercado não deve ser interpretada, porém, como fragilidade dele no cargo, alertam os especialistas. O economista-chefe da Garde Asset Investimentos, Daniel Weeks, considera que o episódio abala a imagem do Banco Central, mas não de seu presidente. “Politicamente, Tombini está forte, já que ele fez o que a base de sustentação do governo queria”, disse.

No mesmo sentido, Bruno Lavieri, economista da 4E Consultoria, pondera que a perspectiva é que Tombini siga no cargo. “Se ele sair, não será por vontade do governo”, disse.

Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, também descarta a possibilidade de troca de comando na autoridade monetária. “Ele acabou de ser nomeado presidente do Comitê Permanente de Orçamento e Recursos do FSB (Financial Stability Board). Isso é um indicativo sério de que, perante o governo, ele não está enfraquecido”, disse. O mandato do presidente do BC brasileiro no comitê do FSB vai de 1.º de fevereiro até 30 de abril de 2018.

Apesar de a decisão do Copom não ter sido unânime, o clima na diretoria do BC é de coesão. Quando um ou outro integrante é levado a falar sobre divergências entre os diretores, a resposta comum é que as diferenças ficam restritas ao campo das ideias.

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(Com Estadão Conteúdo)

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