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Outlets de Miami sentem o peso da crise brasileira

Número de visitantes à região caiu pela primeira vez em 20 anos; sem os turistas brasileiros, o movimento encolheu em lojas como Victoria's Secret, Gap e Tommy Hilfiger

Por Da Redação
19 out 2015, 10h51

O que se pode fazer quando seu principal cliente perde metade do poder de compra em cerca de dois anos? É exatamente essa pergunta que Miami está se fazendo em relação ao Brasil, país que lidera a lista de visitantes internacionais à região. Entre os prejudicados pela crise econômica e pela disparada da cotação do dólar no Brasil, os shoppings de desconto – ou “outlets” -, que tanto atraíram turistas para Miami nos últimos anos, são agora os mais afetados.

Os dias de frenesi nos outlets de Miami – mesmo no gigantesco Sawgrass Mills, com suas cinco “avenidas” que somam 350 lojas – parecem ter ficado para trás. Os brasileiros continuam indo à região, apesar de ter uma pequena queda de 3% no número de visitantes no ano passado – a primeira em mais de 20 anos. Nos outlets, porém, a retração foi muito superior, especialmente nas lojas que sempre lucraram por serem as preferidas dos brasileiros.

Há relatos de lojistas de Miami que tiveram as vendas cortadas pela metade. Desde o início do ano, segundo o Banco Central, os brasileiros reduziram em 25% os gastos com compras fora do país (o dado compila as transações com cartões de crédito no exterior). Em agosto, porém, o BC apontou um freio mais forte dos gastos, que caíram 46% em relação a 2014.

A reportagem visitou o Sawgrass Mills duas vezes na semana passada e, segundo turistas brasileiros, o ainda movimentado shopping nem sequer lembra os dias de “explosão” vividos entre 2011 e 2013. Com o dólar a 1,70 real, a 2 reais ou até a 2,50 reais, a disputa pelas melhores mercadorias era ferrenha. A fila na Victoria’s Secret, antes separada por fitas como nos aeroportos, hoje desapareceu por completo. Também ficou fácil comprar na Gap e na Tommy Hilfiger, que sempre atraíram uma legião disposta a revirar suas pilhas de ofertas.

Não é muito difícil encontrar famílias brasileiras fazendo compras no Sawgrass, mas o português não é mais o idioma que domina. Cedeu lugar ao espanhol. Ao abordar uma família que carregava duas malas de compras e mais uma sacola pensando se tratar de brasileiros, a reportagem foi informada que os visitantes eram paraguaios. Segundo o escritório de turismo de Miami, os turistas do Chile e da Colômbia também são “emergentes” na cidade.

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Enquanto no Sawgrass o Brasil ainda tem presença relativamente forte – há muitos funcionários de lojas que falam português, assim como sinalização e promoções direcionadas ao público brasileiro -, em outros shoppings é bem mais difícil encontrar algum brasileiro. A reportagem ficou uma hora no Dolphin Mall, em Miami, e só encontrou duas famílias do país. Uma delas não carregava nem sequer uma sacola de compras.

Mesmo quem planejou a viagem com bastante antecedência – como um grupo de 42 pessoas vindo de Carlópolis, no norte do Paraná – está fazendo bem as contas. Os tempos do “quem converte não se diverte” ficaram para trás. Hoje, a ordem é decidir comprar só o que, mesmo multiplicando por quatro, continua valendo a pena. Para Fabiano Alpheu Barone Barbosa, 43 anos, que organizou a viagem do grupo, o afã do turista brasileiro pelas compras esfriou.

Funcionário aposentado do Banco Central, Carlos Salomão, de 64 anos, visita a Flórida pela terceira vez em três anos. Desta vez, dedicou-se a passeios diferentes. “Fui a Sarasota, Tampa e curti Orlando sem ir a parques. Foi uma surpresa, foram lugares agradabilíssimos”, diz ele, que viajou ao lado da esposa, Maria Aparecida, e de um casal de amigos. Segundo Salomão, uma palavra jamais associada a brasileiros em outlets está cada vez mais na moda em Miami: cautela. “Não é só o que está ocorrendo agora, mas também o medo do futuro. E se 2016 for pior? Não dá para sair comprando.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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