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‘Os negócios em Israel não param nos tempos de guerra’

Chemi Peres – filho do presidente israelense, Shimon Peres, e gestor do maior fundo de 'venture capital' do país – garante que o conflito com o Hamas não atrapalha as empresas locais

Por Cecília Araújo
29 nov 2012, 15h29

Para Chemi Peres, a alta habilidade tecnológica das empresas de Israel vem da experiência militar de seus fundadores

A fim de atrair investidores e empresas brasileiras para apostar no pujante setor de alta tecnologia de seu país, Chemi Peres, filho do presidente israelense, Shimon Peres, veio pela primeira vez ao Brasil, a convite da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria. Peres é gestor do Fundo Pitango, o maior de ‘venture capital’ (que investe em startups de alto risco) de Israel, com escritórios no país e no Vale do Silício (EUA) e mais de 1,4 bilhão de dólares sob sua gestão. Desde 1993, Pitango investiu em mais de 120 empreendimentos tecnológicos e inovadores em Israel, com o objetivo de ajudá-los a transformar suas ideias em empresas viáveis e líderes de mercado. “Hoje, somos o segundo maior centro de alta tecnologia do mundo, atrás apenas do Vale do Silício”, diz Peres.

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No Brasil, o executivo busca compradores para essa alta tecnologia desenvolvida pelos israelenses. “Há mais de 200 empresas de Israel que operam no Brasil. Mas achamos que o potencial é muito maior”, diz. Peres garante que o conflito com o Hamas – que deixou ao menos 175 palestinos e seis israelenses mortos nas últimas semanas e agora passa por uma trégua – não atrapalha os negócios no país. “Desde que o estado de Israel foi criado, em 1948, passamos por muitas guerras, inclusive duas intifadas. Mas, mesmo nos piores momentos, a indústria de alta tecnologia não foi afetada. Os negócios continuam, mesmo em tempos de guerra. Às vezes, alguns trabalhadores são recrutados como reservistas, mas isso faz parte das nossas vidas. Sabemos como lidar com isso”, afirma.

Segundo Peres, todos os estrangeiros que investem em empresas do país estão a par dos riscos, mas eles entendem que o estado de Israel é muito forte. “No máximo, adiam uma viagem ou outra”, afirma. “Nosso poder militar é incomparável com o de qualquer outro país da região. Nenhuma entidade ou governo podem ameaçar a existência de Israel. De vez em quando me perguntam se Israel ‘venceu’ a guerra contra o Hamas, mas não acho que seja a pergunta correta. Se Israel quisesse ‘ganhar’, poderíamos fazê-lo, em poucas horas”, completa.

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Know-how militar – Antes de se enveredar para o mundo dos negócios, Peres serviu como piloto nas Forças Aéreas Israelenses por dez anos. Ele explica que o Pitango não investe no setor militar. O sistema de escudo antimíssil “Iron Dome” – usado durante a operação “Pilar de Defesa”, contra o grupo terrorista Hamas, recentemente – foi desenvolvido apenas com recursos do governo e com apoio de algumas empresas do setor, mas fora do capital de risco. “Queremos deixar claro aos investidores que não temos ligação com a produção de armas. Investimos apenas em sistemas de segurança não militares”, explica.

Por outro lado, admite que o “Iron Dome” serviu como publicidade para os avanços do país no desenvolvimento de alta tecnologia. “As mais importantes fontes de inovação em Israel vêm da nossa defesa. Nossos investidores sabem que grande parte dos fundadores das empresas israelenses passou pelo serviço militar. Quando eram muito jovens, tiveram de desenvolver projetos avançados e complexos que envolviam tecnologias que não tinham chegado ainda ao mercado comercial. Por isso, têm hoje essa alta habilidade tecnológica”, diz.

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Brasil – Para mostrar seu potencial ao governo brasileiro, Israel convidou recentemente um grupo de autoridades, entre as quais secretários de Segurança Pública, chefes de polícia e empresas privadas de segurança, para uma visita técnica às instalações do país. Segundo representantes israelenses, o Brasil mostrou-se interessado em implementar algumas tecnologias de segurança nas áreas de inteligência, combate ao terror, sistema carcerário e Polícia Militar – especialmente para a Copa e para a Olimpíada. Exemplos de tecnologia seriam um software que reconhece o rosto de um “procurado” em meio a uma multidão e uma câmera que consegue ver além de uma parede, para o caso de uma situação com reféns, por exemplo.

Árabes – De olho no potencial de abertura trazido pela Primavera Árabe, Peres também desenvolve um fundo de investimento privado voltado aos árabes, chamado Al Bawader, que quer dizer “broto verde” ou “o início de algo”. O objetivo é impulsionar empreendedores árabes – dando uma oportunidade a jovens profissionais, muitos deles desempregados ou subempregados – e ampliar o comércio de alta tecnologia entre Israel e as nações da região. “Cada vez mais empresas israelenses do setor de internet vendem seus produtos para o mundo todo, em inglês. O mercado de língua inglesa é de fato o maior, mas é também o mais competitivo do mundo. Vemos agora a oportunidade de nos voltar ao Oriente Médio, desenvolvendo produtos em árabe”, afirma.

Segundo Peres, no Oriente Médio, 350 milhões de pessoas falam árabe. Fora da região, são 60 milhões de pessoas. Entre elas, 90 milhões estão conectadas à internet, e a taxa de conexões está crescendo, principalmente por meio de dispositivos móveis. “Há muitos empreendedores e engenheiros árabes que são brilhantes. Para eles, trabalhar com israelenses com experiência no mercado internacional pode ser uma grande oportunidade. Em contrapartida, eles podem nos dar o que a comunidade judaica não conseguiria sozinha: abrir para nós o mercado regional”, completa.

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