Número de empregos formais criados em outubro é o pior para o mês desde 2008
Saldo líquido no período foi de apenas 66 988 postos de trabalho, o que implica queda de 58,25 ante o mesmo mês do ano passado
Expectativa do ministério era que o país criasse 140 000 vagas no mês passado
O saldo líquido de empregos formais criados em outubro foi de 66 988, o que representa queda de 58,2% (com ajuste) sobre o mesmo mês do ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É o pior saldo para um mês de outubro desde 2008, quando a criação de vagas foi de 61 401. O resultado é fruto de admissões de 1 710 580 empregados com carteira assinada e desligamentos de 1 643 592 pessoas. A expectativa do ministério era que o país criasse 140 000 vagas no mês passado.
Em setembro, o saldo líquido havia ficado em 150 334, sem ajustes. O volume ficou abaixo das estimativas de analistas de quinze instituições financeiras consultadas pelo AE Projeções (um serviço do Estadão Conteúdo). As previsões iam de um saldo líquido de empregos com carteira assinada de 75 000 a 120 000. A mediana ficou em 95 000.
No acumulado do ano até outubro, o saldo líquido de empregos ficou em 1 688 845.
Sul se destaca – O relatório do Caged relativo ao mês anterior destacou o fato de o Sul do país ter ultrapassado o Sudeste na criação de postos de trabalho. O Sul foi responsável pela produção de 26 819 vagas em outubro, enquanto o Sudeste criou 25 301 postos no mesmo período. No Nordeste, o saldo líquido foi de 13 747 novas vagas formais e no Norte, de 1 590. A região Centro-Oeste não conseguiu manter o volume de seu mercado de trabalho e fechou 469 vagas líquidas, já descontadas as contratações, em outubro.
Apesar do desempenho da região Sul, a maior criação de postos de trabalho por estado seguiu no Sudeste, com São Paulo responsável por 21 067 vagas. Em seguida vieram os estados do Rio Grande do Sul (11 194), Santa Catarina (8 969), Rio de Janeiro (6 864) e Paraná (6 656). Já entre os estados que fecharam maior quantidade de vagas no mês passado, destaque para Minas Gerais (5 039), Bahia (4 886) e Goiás (1 671).
Com relação aos setores de atividade, apenas três apresentaram aumento de vagas formais de trabalho em outubro. São eles: comércio (49 597), serviços (32 724) e indústria da transformação (17 520).
Agricultura e construção civil demitem – Os demais registraram retração de vagas. O que mais encolheu no mês passado foi agricultura, com o fechamento de 20 153 vagas a mais que as contratações. A construção civil fechou 8 290 postos no período, enquanto a administração pública perdeu 3 521. No caso de serviços industriais, o fechamento foi de 597 vagas e, de extrativa mineral, de 292.
Número frustrante – O diretor do departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rodolfo Torelly, admitiu que o saldo líquido de 66.988 novas vagas formais de trabalho em outubro surpreendeu a equipe da Pasta. No mês passado, o diretor chegou a cogitar um volume próximo de 140 mil vagas, que é a média do mês, segundo o Caged. “Realmente ficamos um pouco surpresos com o resultado de outubro. Esperávamos um resultado melhor, mais próximo de 100 mil vagas”, disse.
Ele comentou que a expectativa não era de um saldo mais robusto do que o do mesmo mês do ano passado (160 mil, com ajuste) porque em apenas dois meses isso ocorreu este ano: em março e em julho. O resultado do mês passado foi o pior para outubro desde 2008, quando teve início a crise financeira internacional. O diretor afirmou, porém, que não é possível comparar o saldo divulgado nesta sexta-feira com o daquela época. Isso porque, em setembro de 2008, tinham sido geradas 311 mil novas vagas e, em outubro, o total foi de apenas 62 mil. Agora, a diferença é bem menor: 176 mil em setembro e 66 mil no mês passado. “Não dá para comparar.”
(com Estadão Conteúdo)