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No Japão, investidores agora pagam pelo dinheiro que emprestam ao governo

Governo fez seu primeiro leilão de títulos públicos depois da adoção dos juros negativos, medida extrema para tentar estimular a economia do país

Por Da Redação
2 mar 2016, 09h38

Nesta terça-feira, o Japão vendeu títulos públicos com juros negativos pela primeira vez – e, agora, o governo japonês está sendo pago para pegar dinheiro emprestado. Quando o Ministério das Finanças fez nesta terça uma oferta de títulos de dez anos com rendimento de 0,1% e preço médio de 101,25 ienes, o rendimento alcançado pelo papel foi de -0,24% (caso o investidor mantenha o papel até seu vencimento).

Esse estranho leilão de Japanese Government Bonds (JGBs, na sigla em inglês) com juros negativos é consequência de três anos de um agressivo relaxamento monetário do Banco do Japão (BoJ, o BC japonês), que vem trabalhando para baixar os juros dos empréstimos numa tentativa de reanimar a economia.

A adoção de taxas negativas, anunciada no final de janeiro, arrastou rapidamente o rendimento dos JGBs de dez anos para o território negativo, mas ainda não havia feito o mesmo com bônus ofertados já no seu leilão.

Analistas expressaram preocupação com a demanda vista antes do leilão, e sugeriram que muitos compradores planejam vender seus JGBs para o banco central no curto prazo, em busca de lucro. A jogada seria feita na expectativa de que os rendimentos continuarão a cair à medida em que o BoJ continua seus cortes nos juros e seu programa de compra de ativos.

Para Shuichi Ohsaki, estrategista-chefe de juros para o Japão do Bank of America Merrill Lynch, o mercado pode ser inundado com posições especulativas do tipo, o que pode resultar em mais oscilações bruscas.

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Alguns economistas dizem que a queda dos juros oferece ao governo japonês a oportunidade de expandir estímulos fiscais para reviver sua economia adormecida. O déficit público no Japão é duas vezes maior do que o tamanho da economia, o que levou o governo a trilhar uma política de cortes de gastos até o momento.

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Heizo Takenaka, ex-ministro da Economia e conselheiro do atual primeiro-ministro, Shinzo Abe, disse que o governo deveria preparar um pacote de estímulos de cerca de 50 bilhões de dólares ao longo deste ano.

“O governo deve deveria emitir os bônus necessários, uma vez que estamos com taxa de juros zero”, disse Takenaka em uma entrevista no fim de semana. “A saúde das finanças do governo só pode ser atingida com a saúde da economia”.

Muitos economistas e formuladores de políticas argumentam que o nível de endividamento do governo japonês não reflete seu risco financeiro, já que cerca de 90% de sua dívida está na mão de investidores domésticos.

Os juros juros negativos foram anunciados no fim de janeiro, mas só foram implementados efetivamente em 16 de fevereiro. Nesta terça-feira, investidores estavam recebendo -0,06% de rendimento por um JGB de dez anos. Isso significa que, para cada 10.000 ienes emprestados ao BoJ, o investidos precisa pagar outros 6 ienes ao governo.

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(Com Estadão Conteúdo)

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