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No centro da Lava Jato, Petrobras já encontra problemas para se financiar

Se os auditores não aprovarem os resultados anuais da companhia até abril, fontes do mercado financeiro avaliam que a empresa poderá ter de antecipar o pagamento de até 11 bilhões de dólares em títulos, além de saldar um empréstimo de 5,8 bilhões de dólares com um banco brasileiro

Por Da Redação
10 dez 2014, 22h11

A Petrobras pode ter que aumentar os preços dos combustíveis, cortar gastos ou buscar uma injeção de capital por parte do governo no próximo ano, uma vez que o aprofundamento do escândalo de corrupção ameaça deixar a empresa temporariamente fora dos mercados de capitais.

No mês passado, a estatal atrasou a divulgação do resultado do terceiro trimestre após auditores se recusarem a assiná-lo, diante de alegações de que a empresa sistematicamente pagou mais por ativos, como as refinarias de Pasadena e Abreu e Lima, além de ter aceitado o superfaturamento de contratos com empreiteiras.

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Se os auditores não aprovarem os resultados anuais da companhia até abril, fontes do mercado financeiro avaliam que a empresa poderá ter de antecipar o pagamento de até 11 bilhões de dólares em títulos, além de saldar um empréstimo de 5,8 bilhões de dólares com um banco brasileiro. Alguns contratos preveem a antecipação de pagamento caso o tomador de crédito se encontre diante de um cenário crítico de indisponibilidade financeira.

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Contudo, poucos esperam que a Petrobras possa dar calote em sua dívida, uma vez que provavelmente deve negociar uma solução com os detentores de títulos e bancos. Mas é improvável que os investidores em títulos globais participem de qualquer nova emissão da Petrobras até que a empresa tenha informações financeiras auditadas adequadamente, afirmaram o UBS Securities e o Morgan Stanley & Co, em relatórios analíticos.

Isso significa que a empresa pode ter de buscar outras formas para financiar seu plano de negócios de cinco anos de 220 bilhões de dólares, o maior da indústria petrolífera mundial.

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Embora a presidente Dilma Rousseff possa permitir que a Petrobras eleve os preços da gasolina no próximo ano, ela provavelmente resistiria a qualquer esforço de reduzir o plano, uma vez que faz parte fundamental do programa emblemático de investimentos de sua administração. Cerca de 70% do financiamento do plano já foi contratado, afirmou a Moody’s Investors Service recentemente. “Leve em conta a investigação de corrupção, a percepção de risco e as restrições financeiras da Petrobras em curso, e você verá como a sua capacidade de geração de caixa está gravemente ameaçada”, disse o executivo, que pediu para que seu nome fosse mantido em sigilo.

A dificuldade em delinear o financiamento ressalta os ventos contrários neste momento para a Petrobras, que há apenas 20 meses vendeu 11 bilhões de dólares em títulos, um recorde para uma empresa do mercado emergente. O escândalo de corrupção, juntamente com anos de desenfreada acumulação de dívida, está gerando preocupação de que a Petrobras possa perder seu cobiçado grau de investimento, elevando os custos de empréstimos.

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Anunciada por autoridades na última década como a joia da coroa da economia do Brasil, a Petrobras tornou-se um símbolo da queda da boa-vontade com o país. A empresa planeja publicar os resultados não auditados do terceiro trimestre na sexta-feira, mas é pouco provável que isso amenize as preocupações sobre o impacto do escândalo de corrupção nas operações e nos planos de captação de recursos. “Eu acredito que nenhum investidor vai comprar ações ou títulos com o risco atual, pelo menos não sem a devida papelada auditada”, disse Ulisses de Oliveira, que ajuda a administrar 400 milhões de dólares em títulos de dívida de mercados emergentes para a Galloway Gestora de Recursos, em São Paulo.

Os obstáculos ao financiamento vêm em um momento em que os preços do petróleo estão caindo e ameaçam a receita. O fluxo de caixa livre, uma medida de dinheiro excedente após os pagamentos aos detentores de títulos e ações, deve voltar a ficar positivo apenas em 2017, estimam os analistas. A Petrobras, que se recusou a comentar o assunto, ainda não definiu uma data para publicar resultados auditados.

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Os bônus da Petrobras com vencimento em março de 2024 e cupom de 6,25% estão atualmente remunerando perto de 6,5%, o mais alto nível em cerca de um ano e meio. Esse rendimento está no mesmo patamar de emissores classificados abaixo do grau de investimento.

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A Petrobras toma no mercado cerca de metade de seus gastos de capital de 40 bilhões de dólares por ano, em grande parte com a emissão de bônus. Mesmo se os bancos e investidores no Brasil não ligarem para riscos de concessão de crédito para a Petrobras, os mercados de crédito e de títulos locais são muito pequenos para suprir a empresa com o financiamento de que necessita para realizar seus projetos, disse outro executivo de banco. A empresa pode ainda recorrer ao BNDES, mas não está claro se o banco teria dinheiro suficiente para Petrobras. O BNDES não quis comentar.

A Petrobras pode pagar por suas operações por cerca de seis meses sem que tenha que recorrer ao mercado de dívida, disseram executivos da petroleira no mês passado. A empresa é a petrolífera mais endividada do mundo, com um passivo total de 140 bilhões de dólares, tem 54 bilhões de dólares em títulos em mercado. A dívida líquida está acima da meta de alavancagem de 2,5 vezes lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, e acima do limiar de 35% do capital próprio. “Com a recente queda dos preços do petróleo, que reduziu mais de 30% dos níveis de meados do ano, esperamos menor geração de caixa e isso vai tornar a empresa mais dependente da venda de ativos ou de dívida para financiar as despesas futuras com o desenvolvimento”, disse a Moody´s.

(Com Estadão Conteúdo)

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