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Não temos ‘informações avassaladoras’ para suspender contratos com empreiteiras, diz Graça Foster

Presidente da Petrobras se esquiva de falar sobre Lava Jato e reconhece, só agora, que holandesa SBM pagou propina a funcionários da estatal

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
17 nov 2014, 14h53

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, defendeu nesta segunda-feira que são necessárias “informações avassaladoras” de crimes para justificar o encerramento de contratos com fornecedores suspeitos de corrupção, como empreiteiras. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, a presidente da estatal foi questionada a respeito das providências que serão tomadas para combater casos recentes de corrupção e desvio de recursos, como o da holandesa SBM e o das empreiteiras brasileiras investigadas na operação Lava Jato. “Não vamos interromper contratos com a SBM nem com outras empreiteiras trabalhando conosco até que tenhamos informações que sejam tão avassaladoras que justifiquem que encerremos contratos”, afirmou Graça Foster.

Ao ser questionada pelo site de VEJA a detalhar o que seriam tais informações “avassaladoras”, Graça foi socorrida na resposta pelo diretor de Exploração e Produção da estatal, José Formigli: “No caso da SBM, a presidente recebeu uma ligação e nós recebemos uma carta onde a empresa diz que recebeu informações do Ministério Público holandês de que havia tais depósitos (propina) em contas na Justiça. Isso é uma prova avassaladora, porque é a própria empresa dizendo”.

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Antes disso, a Petrobras tinha negado qualquer pagamento de propina. No primeiro semestre, uma comissão de apuração da estatal concluiu em prazo recorde, de 41 dias, que não houve crime no caso da SBM. Mas, conforme revelou VEJA, o Ministério Público holandês fechou acordo por meio do qual a empresa pagará 240 milhões de dólares à Justiça de seu país para se livrar de processo por corrupção pelo pagamento de subornos a executivos da estatal para a assinatura de contratos. Com o acordo no Judiciário holandês, Graça ajustou o discurso e, enfim, reconheceu nesta segunda-feira que houve propina, mas diz que até hoje não sabe para “quem nem quando”. “Fizemos visitas à Holanda, aos Estados Unidos, para tenta obter informações e nomes, sem sucesso. Até hoje não sabemos quem nem quando”, afirmou.

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As revelações de superfaturamento e ilícitos penais obrigaram a estatal a refazer os cálculos de ativos em demonstrações contábeis divulgadas periodicamente, por exigência de auditores da consultoria PriceWaterhouseCoopers. A executiva evitou detalhar eventuais ações para reaver o dinheiro desviado e nem se comprometeu com uma data para a divulgação do balanço do terceiro trimestre. “A estratégia é confidencial. Não posso antecipar algo que por si só poderia trazer antídotos ao próprio sucesso”, afirmou. Contudo, em fato relevante protocolado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa afirmou que pretende divulgar os resultados em 12 de dezembro.

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O atraso na publicação de demonstrações financeiras não foi o único problema originado pelos crimes investigados. A presidente disse ainda que a Petrobras contratou por 6 milhões de reais o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe e, por 5 milhões de dólares, o escritório americano Gibson, Dunn & Crutcher, com a justificativa de que ambos vão auxiliar nas investigações internas de irregularidades na estatal.

A Petrobras também estuda a abertura de mais cargos como tentativa de coibir esquemas de corrupção, como a criação de uma Diretoria de Compliance. A estatal já possui uma gerência de auditoria interna e o Conselho Fiscal, com capacidade de fazer tais investigações, mas Graça defende que uma diretoria teria papel diferente. “Teria uma convergência maior de processos da companhia além de muitas outras participações”, afirmou.

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Transpetro – Apontado como um dos motivos que levaram a auditoria a não aprovar o balanço da Petrobras, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, deve retornar ao trabalho em breve, segundo Graça. A presidente afirmou que, passados os 31 dias de licença do executivo, ele “deverá retornar à empresa”. Graça disse que foi Machado quem pediu o afastamento temporário e que caberá a ele a decisão de retornar. “Caso as investigações não estejam concluídas, Sérgio Machado tomará as decisões que ele entende que sejam as melhores para a Petrobras”, afirmou Graça.

Machado foi afastado do cargo após a denúncia feita pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa de que teria recebido do presidente da Transpetro 500 mil reais. O executivo é indicação do PMDB na estatal.

Clima tenso – Graça disse ainda que “o clima é tenso” dentro da empresa desde que foi deflagrada a Operação Lava Jato. “Essa é uma situação diferente, nova, dentro da Petrobras. Para nós, faz com que saiamos do estado natural. Ao mesmo tempo estimula a buscar todos os instrumentos de governança. O clima fica tenso, mas temos o dever de buscar mais recursos para que não aconteça de novo”, afirmou Graça.

Apesar das paralisações em Abreu e Lima, a presidente negou que as denúncias estejam atrapalhando os trabalhos da empresa. “Se tivéssemos a empresa parada não teríamos batido os recordes de produção que batemos. Esta empresa não parou”, disse.

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