Na véspera do IPO do Twitter, SEC questiona expectativa de lucro baseada em número de usuários
Autoridade reguladora do mercado de capitais afirma que o fato de uma empresa de tecnologia ter muitos usuários não se converte, necessariamente, em lucro
Um dia antes da abertura de capital do Twitter na Bolsa de Nova York, a diretora da Securities and Exchange Commission (SEC, a autoridade reguladora do mercado de capitais nos Estados Unidos), Mary Jo White, advertiu que o número de usuários de empresas de tecnologia (ou redes sociais) não pode ser entendido como garantia de alta lucratividade.
Durante um evento em Nova York, a diretora alertou que muitas empresas de tecnologia têm atribuído aos números de usuários e “likes” nas redes sociais suas perspectivas de crescimento. “Na ausência de uma clara descrição, não é difícil pensar que esses grandes números vão, inevitavelmente, se traduzir em grandes lucros para uma empresa. Mas a conexão entre esses dois fatores pode não existir”, afirmou Mary, segundo o jornal britânico Financial Times.
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A diretora não se referiu especificamente ao Twitter, segundo o FT. Mas o fato de as afirmações serem feitas apenas um dia antes da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da empresa – que ainda não se mostrou lucrativa – serve como alerta para os investidores num período em que muitos apontam a existência de uma nova bolha de empresas de tecnologia.
“E se apenas uma fração desses usuários são pagantes? O que isso significa para os resultados financeiros futuros? E se o crescimento do número de usuários ocorrer em uma área específica que a empresa ainda não consegue monetizar?”, questionou Mary.
A SEC vem questionando métricas usadas por empresas de tecnologia nos últimos anos. Houve questionamentos específicos feitos para o site de compras coletivas Groupon e para o Facebook na época em que entraram na bolsa, em 2011 e 2012, respectivamente. Ambas as empresas exibiram em seus prospectos indicadores de resultados atrelados ao crescimento de usuários que não foram aceitos pela autoridade porque poderiam “confundir” os investidores.