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Na última reunião do ano, Copom interrompe ciclo de queda dos juros

Decisão era esperada pelo mercado após sinalização do BC sobre o fim da série de cortes. Órgão deve testar a taxa, ao menos, até o fim do 1º tri de 2013

Por Talita Fernandes
28 nov 2012, 18h44

Nova reunião do Copom ocorrerá, agora, somente em 15 e 16 de janeiro do ano que vem

Em sua última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano. Com a decisão, a autoridade monetária interrompe uma série de dez cortes consecutivos nos juros. O ciclo, iniciado em agosto de 2011, quando a Selic era de 12,5% ao ano, teve sua última queda na reunião anterior, em outubro, quando foi anunciada diminuição dos juros de 7,5% para 7,25%.

O resultado já era esperado pelo mercado e por economistas ouvidos pelo site de VEJA. O último relatório Focus, divulgado pelo BC nesta segunda-feira, já apontava uma Selic de 7,25% até o final de 2012. No mesmo documento, os analistas entrevistados diminuíram a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para este ano, de 1,52% para 1,5%. Nova reunião do Copom ocorrerá, agora, somente em 15 e 16 de janeiro.

Em seu comunicado, que acompanhou a decisão, o BC reforçou a percepção de que os juros de 7,25% vieram para ficar por um bom tempo graças à estabilidade das condições monetárias. “Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”, diz o anúncio.

Estabilidade – Para o Banco Pine, uma taxa Selic em 7,25% deve se estender por todo o próximo ano. Em relatório divulgado nesta semana pela instituição financeira, a expectativa é justificada por uma sinalização do próprio BC. “Em apresentação na Câmara na semana passada, o presidente do BC transpareceu um cenário prospectivo equilibrado para a atividade doméstica, assim como um balanço de risco positivo para a inflação. Sendo assim, mantemos nossa projeção de manutenção da Selic em 7,25% até o final de 2013”, destaca a instituição financeira em relatório enviado a seus clientes.

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O economista Marco Maciel, do Pine, reforça que a aposta na manutenção da Selic deve-se à crença de que a economia, apesar de mostrar alguma recuperação, continuará lenta no próximo ano. A perspectiva do banco é que o avanço do PIB brasileiro fique em 3,3% em 2013. “No final do ano passado, perguntávamos quem iria quebrar em 2012. Agora, nós perguntamos quando é que vai haver recuperação. Em 2013, teremos um cenário menos pior. Sim, é menos pior, mas não por isso é muito melhor”, explica.

Cenário benigno – Maciel fala ainda que a perspectiva de inflação em torno de 5,1% no ano que vem – conforme previsões do próprio Pine – também é indicativo de que a Selic não será ajustada para controle da alta dos preços. Com um menor reajuste do salário mínimo em 2013 e um ritmo moderado de atividade econômica, uma eventual aceleração na trajetória de aumento dos preços só seria provocada por um novo choque nas cotações internacionais dos alimentos – algo que, por exemplo, ocorreu em 2012 com a forte seca que atingiu as lavouras dos Estados Unidos. Se tudo correr bem, não haveria motivo para subir a Selic. “O Banco Central já disse que não vai subir a Selic devido a choque de commodity”, justifica.

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Para o economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, o patamar inflacionário atual também implica a manutenção dos juros. “O espaço para corte acabou porque a inflação está mais ou menos estabilizada em torno de 5,5%. Com isso, temos uma taxa de juro real (descontada a inflação) bem baixa, em torno de 2% ao ano”, explica. “De acordo com o regime de metas de 1999, o BC só poderia fazer um novo corte se a inflação voltasse a ceder nos próximos meses. O cenário mais provável não é esse”, acrescenta.

Segundo o professor, o BC deve optar por manter a taxa Selic neste mesmo patamar ao menos nos três primeiros meses de 2013 para testar seu efeito. “É um procedimento padrão. Depois de uma série de cortes, não se mexe na taxa para testá-la”, explica.

Gonçalves vê como positivo o cenário de juros mais baixos para a economia. “As empresas têm de se voltar para atividades produtivas, e não mais para as financeiras. Taxas mais baixas são a favor do setor produtivo e dos consumidores – e isso é altamente saudável para o crescimento do PIB”, explica.

O economista do MB Associados, Sérgio Vale, também vê uma Selic em 7,25% por todo o primeiro trimestre do próximo ano. “A sinalização que o próprio BC deu é que essa taxa ficará nesse patamar durante um bom tempo ainda. Pelo menos nos três primeiros meses do ano que vem.”

Para ele, o governo abandonou o tripé da estabilidade macroeconômica, que é composto por superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante. Aliado a isso, o Planalto usa os juros e o câmbio para controlar a economia. “O governo trabalha com a dupla ‘juros e câmbio’ para tentar ajustar a economia. E os juros são parte essencial dessa politica. Por isso, sua manutenção num patamar baixo é essencial. Voltar a pensar a subir (a Selic) vai depender da dinâmica de inflação, que me parece piorar apenas no segundo semestre do ano que vem”, explica.

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