MP 579 faz Eletrobras ter perdas contábeis de R$ 10 bi
Do total, R$ 3,044 bilhões dizem respeito à diferença entre os valores do antigo contrato de concessão e do novo, com retorno menor para a companha, e já contabiliza a indenização oferecida pelo governo
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, afirmou nesta quinta-feira que os efeitos da mudança do marco regulatório do setor elétrico provocados pela Medida Provisória 579 geraram perdas contábeis de 10 bilhões de reais para a empresa. Segundo ele, essas perdas contábeis ou ajustes patrimoniais podem ser divididos em quatro grupos. Do total, 3,044 bilhões de reais dizem respeito à diferença entre o valor contábil das usinas cuja renovação da concessão foi antecipada e o critério do valor novo de mercado, usado pelo governo para indenizá-las. Outros 2,798 bilhões de reais são para o cálculo sobre as usinas cuja concessão ainda não venceu.
“A contabilidade olha para frente também, e o efeito dela no futuro tem que ser jogado agora”, afirmou Carvalho Neto. Outros 3,082 bilhões de reais se deram por contratos onerosos, que a empresa pretende repassar para órgãos correspondentes e 1 bilhão de reais diz respeito a valores que antes eram considerados investimentos e hoje são avaliados como despesas.
“Isso tudo é em razão da nova lei, mas agora limpamos nosso balanço para o resto da vida. O balanço foi adaptado para novas condições não só para as usinas cuja concessão foi renovada, mas também para as futuras”, disse Carvalho Neto.
O presidente destacou o crescimento das distribuidoras do grupo, que foi de 12,1% no ano passado. Ele comparou esse resultado com o crescimento do consumo de energia elétrica, que foi de 3,5% no mesmo período e do Produto Interno Bruto (PIB), que foi de 0,9%. Segundo ele, uma das causas para o crescimento da Eletrobras é que a empresa “reduziu perdas”.
Costa também aproveitou a entrevista coletiva à imprensa para comentar que tanto Itaipu quanto as usinas nucleares de Angra I e II bateram recordes de produção de energia no ano passado. Segundo ele, a geração de Itaipu em 2012, que foi de 98 terawatt por hora, “é a maior geração que uma empresa já fez no mundo”.
No quarto trimestre, a Eletrobras divulgou prejuízo líquido de 10,499 bilhões de reais contra lucro de 1 bilhão no terceiro trimestre. Assim, no ano cheio, a Eletrobras teve um prejuízo líquido de 6,879 bilhões de reais, registrou redução de 284,3% em relação ao lucro de 3,733 bilhões de reais de 2011. Enquanto isso, a receita operacional líquida ficou em 34,064 bilhões de reais em 2012, aumento de 16,6% em relação a 2011, quando foi registrado o montante de 29.211 milhões de reais.
Nesta quinta-feira, a consultoria Economatica divulgou levamento que aponta o prejuízo da Eletrobras no quarto trimestre de 2012 (10,499 bilhões de reais) como o maior da história de uma companhia aberta (com capital negociado em bolsa de valores).
A consultoria listou o prejuízo trimestral de todas as empresas de capital aberto brasileiras desde 1986 e chegou a uma lista dos dez maiores, sendo oito no setor bancário. Outro prejuízo da Eletrobras, o do quarto trimestre de 2002 (2,912 bilhões de reais), também aparece no ranking em sexto lugar. No segundo, terceiro e quarto lugar estão Banco Nacional, que no último trimestre de 1995 teve um prejuízo de 7,429 bilhões; Banco do Brasil, cuja perda somou 6,177 bilhões no segundo trimestre de 1996; e a mineradora Vale, que registrou prejuízo de 5,628 bilhões de reais nos últimos três meses de 2012.
(com Estadão Conteúdo)