Toyota vai parar fábrica brasileira nesta sexta-feira
É a terceira vez que a empresa paralisa a produção; montadoras japonesas enfrentam os reflexos da tragédia que atingiu o país asiático em março
A Honda quer cortar cerca de 12% de sua força de trabalho na planta de Sumaré, em São Paulo
Sindicato de trabalhadores vai recorrer na justiça
A Toyota vai parar sua fábrica de Indaiatuba, no interior de São Paulo, por mais um dia na sexta-feira por conta da falta de componentes decorrente da crise na cadeia de autopeças do Japão. Enquanto isso, o sindicato, que representa os trabalhadores da também japonesa Honda no interior de São Paulo, tenta reverter demissões no Brasil que se desdobraram com a crise.
Toyota e Honda foram afetadas pela crise gerada pelos terremotos e pelo tsunami que devastaram o nordeste do Japão em março. As montadoras, que no Brasil importam boa parte dos componentes usados em seus veículos, estão enfrentando escassez de peças do câmbio e injeção eletrônica.
A Honda anunciou na quarta-feira que vai demitir 400 funcionários de sua fábrica em Sumaré (SP). Os cortes equivalem a 12% da força de trabalho da unidade. A montadora também vai cortar pela metade a produção a partir de junho, de 600 para 300 veículos por dia, passando a operar apenas com dois turnos, em vez de três.
Ação na Justiça – O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região afirmou que vai ingressar no Tribunal Regional do Trabalho com pedido de liminar contra as demissões na Honda e recorrerá também ao Ministério Público do Trabalho. “Estamos recorrendo à Justiça em função das propostas alternativas que temos para evitar as demissões”, afirmou o presidente do sindicato, Jair dos Santos. Segundo ele, a montadora está enviando telegramas para os funcionários para comunicar as demissões.
Recentemente, o sindicato havia informado que a Honda poderia demitir cerca de 1.200 trabalhadores como consequência da falta de peças e propôs à montadora redução na jornada de trabalho e férias coletivas. Na Toyota, que fabrica apenas o sedã Corolla, o plano de redução de ritmo das atividades segue mantido, conforme informou a assessoria de imprensa.
A montadora parou sua fábrica de Indaiatuba em 25 de abril, no dia 6 deste mês, e vai paralisar novamente as atividades nesta sexta-feira. Para o Corolla, a empresa usa peças do motor, transmissão e alguns componentes eletrônicos fabricados no Japão.
Procurada, a associação que representa os fabricantes de autopeças do Brasil, Sindipeças, informou apenas que os problemas no fornecimento “são pontuais” e incluem alguns fabricantes japoneses de componentes.
No Japão, o jornal de negócios Nikkei publicou nesta quinta-feira que a Toyota planeja aumentar o número de dias de trabalho de suas fábricas para compensar a queda na produção causada pelos terremotos de março. Segundo o diário, a empresa planeja adicionar dois dias de produção ao seu esquema mensal de operação. Com isso, o ano de produção da montadora terá 10 a 15 dias adicionais, o que poderá elevar o total de veículos fabricados em 150 mil unidades.
(Com Reuters)