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Mercado aprova saída de Graça — mas quer mesmo o balanço auditado

Analistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que, mais do que um novo nome, Petrobras precisará de estratégia e capital para conseguir sair do buraco

Por Naiara Infante Bertão
4 fev 2015, 18h33

Quando a presidente Dilma Rousseff anunciou o nome de Joaquim Levy para o posto de ministro da Fazenda, no lugar de Guido Mantega, a decisão foi aplaudida pelo mercado. A pasta precisava de um nome novo e confiável para dar nova diretriz à cambaleante economia brasileira. Atitude semelhante é o que o mercado espera do substituto de Graça Foster. A saída da executiva já era aguardada pelo mercado desde o ano passado, mas não da forma desastrada com que foi conduzida nas últimas 48 horas. No entanto, analistas ouvidos pelo site de VEJA alertam que de nada adiantará a substituição da atual diretoria se os problemas considerados urgentes não forem enfrentados com clareza e independência. Por isso aguardam o anúncio de um substituto de competência reconhecida para tentar restaurar a credibilidade da empresa.

arte - diretoria da Petrobras
arte – diretoria da Petrobras (VEJA)

Há quem veja a saída de Graça, anunciada nesta quarta, como uma sinalização de mudança e a chegada de uma nova fase para a companhia, profundamente ferida pelo escândalo de corrupção do petrolão. Contudo, há questões práticas e operacionais, como a divulgação do balanço auditado da empresa, que colocam em segundo plano a saída de dirigente. “Os problemas de Petrobras são muitos e não são restritos a Graça Foster. Estão mais relacionados à cultura de ingerência política e desvios de governança corporativa da empresa e à situação extremamente delicada de sua estrutura de capitais. As contas simplesmente não fecham. Isso é mais grave”, alerta Roberto Altenhofen, sócio da consultoria Empiricus. Para ele, o comunicado sobre a renúncia de Graça Foster e de cinco diretores da empresa, nesta quarta-feira, é “algo pequeno” em relação às enormes necessidades de mudança na empresa.

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Com ou sem a presença de Graça, é imperativo que se publique um balanço crível em relação a 2014, pois a ausência do documento pode ter um efeito dominó fatal para a companhia – sua publicação está prevista para março. Sem que haja um relatório auditado por uma consultoria externa, credores da Petrobras podem alegar, segundo as regras da Securities and Exchange Comission (SEC, o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA), que a empresa está inadimplente em relação aos compromissos de sua dívida. Com isso, podem pedir o adiantamento de pagamentos referentes aos títulos que detêm da empresa. Essa dinâmica poderá exigir da Petrobras desembolsos superiores a 100 bilhões de reais. Diante das dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa, um aporte bilionário do governo pode ser iminente, num período em que as contas passam por ajustes para que se cumpra o superávit primário.

A falta de um balanço auditado também dificulta novas captações da empresa no mercado externo, já que paira sobre ela a desconfiança sobre a capacidade de honrar seus títulos. O problema é que ela precisa se capitalizar para cumprir seu plano de investimentos, que prevê aportes de 42 bilhões de dólares por ano. Antes de sair, Graça afirmou que os valores seriam revistos e alguns projetos ficariam em pausa.

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Sangue novo na liderança da empresa, acreditam analistas, poderá aliviar um pouco a pressão no curto prazo. Mas não por muito tempo. “Já temos dúvidas com relação ao balanço não auditado, agora temos uma dúvida adicional de quem vai entrar. Nem mesmo sabemos se será, de fato, anunciado algum nome nesta sexta-feira”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

Rich Eychner, analista da Raymond James, diz ainda que o questionamento sobre o tamanho do rombo contábil deve pressionar a empresa por mais alguns meses, assim como as preocupações sobre como a companhia enfrentará a alta alavancagem – a dívida da empresa ultrapassa 300 bilhões de reais. “Independentemente de quais diretores estejam saindo, é difícil ver um cenário em que a credibilidade da companhia fique ainda mais manchada do que já está”.

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