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Marcos Lisboa: ‘Ter déficit não é o problema. O problema é ele não parar de aumentar’

Para o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, preocupação com as contas públicas, no momento, é a trajetória da dívida, que cresce mais que o PIB

Por Teo Cury
25 Maio 2016, 08h38

Está dito desde antes do início do mandato do presidente interino Michel Temer: a maior prioridade do novo governo seria trabalhar para ajustar as contas públicas. O governo fechará 2016 com um rombo bilionário – e isso não chega a ser o maior desafio, segundo o economista Marcos Lisboa. “Ter déficit não é o problema maior. O problema é esse déficit não parar de aumentar”, afirma o presidente do Insper, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005, no primeiro governo Lula.

O governo enviou ao Congresso nesta segunda o projeto em que pede autorização para encerrar o ano com rombo de 170,5 bilhões de reais. A votação da proposta ocorreu na madrugada desta quarta-feira, e foi aprovada, após uma sessão que se arrastou por mais de 16 horas. À medida que os gastos crescem, as contas só pioram, diz o economista. “Com isso, o déficit cresce mais do que a economia, o que é um problema”, diz.

A taxa básica de juros do país está atualmente em 14,25%. Mesmo com esse patamar elevado, não adianta baixar as taxas “na marra”, segundo o economista – e a chave para a redução é, mais uma vez, o ajuste fiscal, afirma Lisboa.

Parte dos juros altos de hoje deve-se à inflação, explica o economista. Já a outra é resultado dos juros reais, que são altos, e que aumentaram devido ao desequilíbrio fiscal dos últimos anos. “A crise fiscal traz muita insegurança do que vai acontecer nos próximos anos. Essa instabilidade macroeconômica e equívocos dos últimos anos se traduzem nos juros reais altos”, afirma. Em sua visão, o governo tem de criar condições para que os juros caiam. “E isso passa, em particular, pelo ajuste fiscal.”

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Sem medidas de austeridade, o país não vai voltar a crescer, acredita o economista. “Reverter a trajetória do gasto público e como se interrompe essa trajetória de crescimento da despesa pública acima do Produto Interno Bruto (PIB) é o desafio mais urgente do país”, afirma. Feito isso, diz, a equipe econômica do presidente interino Michel Temer deverá começar a acertar “o sistema tributário, que está disfuncional”.

Nesta terça-feira, Lisboa participou da apresentação do relatório de diagnóstico sistêmico do país no auditório do Insper, em São Paulo. A radiografia da economia brasileira, da qual também participaram Martin Raise e Roland Clark, economistas do Banco Mundial, e Ricardo Paes de Barros, economista e professor titular do Insper, era feita no exato momento em que Temer e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles anunciavam seu primeiro conjunto de medidas para tentar reequilibrar as contas públicas.

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