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Marcas de luxo trocam de mãos e migram para o Oriente

Países asiáticos e do Oriente Médio são há tempos os maiores clientes das grandes grifes europeias. Agora, querem se tornar donos.

Por Ana Clara Costa
23 jul 2012, 08h05

Há pouco mais de uma semana, a maison Valentino – uma das mais tradicionais grifes de luxo do mercado – anunciou que trocava de dono. O fundo de private equity inglês Permira negociou a venda da marca para a empresa de investimentos Mayhoola, que pertence à família real do Catar. Também entrou na negociação a marca italiana Missoni, que fabrica roupas e assessórios feitos em tricô de seda, além de objetos de decoração. O valor da compra não foi revelado, mas fontes do jornal The Wall Street Journal afirmaram que a cifras chegaram a 600 milhões de euros. Era mais uma das dezenas de negociações de peso entre marcas de luxo europeias e empresa de países emergentes nos últimos anos. Em janeiro, a marca francesa Sonia Rykel foi vendida ao fundo chinês Fung Brands. Em junho de 2011, o grupo Prada estreou na bolsa de valores de Hong Kong com o objetivo de captar recursos com acionistas chineses. O indiano Mittal também tem sua parcela no mercado, por meio da alemã Escada.

Bolsas Prada em vitrine de Roma, Itália
Bolsas Prada em vitrine de Roma, Itália (VEJA)

A movimentação entre grupos tão distantes geograficamente é justificada por duas razões principais: a incontestável importância da Ásia para o mercado de luxo global e a perda de fôlego financeiro dos grupos europeus, que enxergavam em produtos de alta valor agregado uma fonte interminável de boas margens de lucro. Em um primeiro momento, grandes empresas do setor, como LVMH, Prada, Burberry e PPR direcionaram seus planos de expansão para a China – país que abriga seus principais clientes não só na conta global, mas também nas lojas europeias. Basta lembrar que as filas de chineses nas portas de lojas como a Louis Vuitton em Paris tornaram-se praticamente um cartão postal alternativo da cidade.

Novo momento – Agora, com a Europa em crise e até mesmo a China em desaceleração, não só algumas roupas de alta costura tornaram-se mais atrativas a investidores endinheirados, como também as empresas que as fabricam. “É um movimento que se justifica, já que o mercado de luxo trabalha com altas margens e dificilmente é atingido por crises. É um setor altamente atrativo para investidores capitalizados, como os asiáticos”, afirma Stacey Widlitz, da consultoria SW Retail Advisors.

Segundo Stacey, o interesse asiático ganha musculatura depois que as marcas consolidaram-se na região, sobretudo na China, seguindo planos de expansão agressivos. “As empresas vão onde o mercado cresce. E o crescimento de dois dígitos tem sido uma constante para o mercado de luxo na Ásia, mesmo quando há desaceleração econômica”, afirma.

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De acordo com dados da consultoria Bain & Company, entre 2008 e 2011, mais de 350 lojas de marcas de luxo europeias foram abertas somente na China – sendo Armani e Hugo Boss as maiores em unidades. Contudo, em um cenário menos favorável ao consumo, a Bain prevê que as marcas vão reduzir os investimentos em aberturas de novas lojas e direcionar seus esforços para aumentar a base de clientes nos países onde já estão presentes. “Algumas marcas estão sendo mais cuidadosas com a expansão física e pensarão mais no desempenho das lojas já existentes”, informa o relatório da consultoria.

Brasil – Ainda que a desaceleração também tenha afetado o Brasil – de forma até mais contundente que a China -, o país continua sendo um oásis para o consumo de alta renda. Em 2011, o setor movimentou 18 bilhões de reais no mercado nacional, segundo a consultoria MCF. Exemplo disso é a polêmica abertura do shopping Iguatemi JK, do Grupo Jereissatti, que conta com mais de 20 marcas internacionais de alto luxo – muitas das quais jamais estiveram presentes no país, como Goyard e Lanvin.

Contudo, o país ainda está longe de possuir grupos financeiros com cacife para – assim como China, Índia e Catar – adquirir marcas internacionais. A Daslu – depois de vislumbrar a falência após o escândalo tributário que levou sua antiga dona à cadeia – foi adquirida na “bacia das almas” pelo empresário Marcus Elias, da LAEP. Já a Inbrands, dona da Ellus, titubeia para estrear na bolsa de valores e conseguir captar para fazer novas aquisições locais. A Le Lis Blanc, que é controlada pelo fundo de private equity Artesia e tem apresentado resultados financeiros satisfatórios, só agora começa a colocar em prática seu plano de expansão no Brasil, após ter captado recursos na BM&FBovespa. No início do mês, o grupo fechou a compra da Rosa Chá.

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